terça-feira, 9 de dezembro de 2008

EM TORNO DA OBSESSÃO

Autor:
Marcos Paulo de Oliveira Santos

“Cada célula é um pequeno ser sensitivo.” - Deepak Chopra.

“Estai de sobreaviso, vigiai e orai; porque não sabeis quando será o tempo.” - Jesus.


Uma psicosfera pestífera grassa em torno do orbe terreno, contaminando sobejamente os incautos das leis divinas, nada obstante os esforços hercúleos dos benfeitores da Humanidade em favor do progresso ético-moral e científico-tecnológico.
A conduta reprochável do ser humano ao largo da história o conduz a um labirinto de lágrimas e sofrimentos. A violência, a sexolatria, a drogadição, a corrupção, o hedonismo... um séquito de hediondos facínoras morais retêm o espírito imortal no mundo sombrio. E como conseqüências surgem os graves problemas obsessivos.

Configura-se a obsessão nas lúcidas palavras de Suelly Caldas Schubert “toda vez que alguém, encarnado ou desencarnado, exercer sobre outrem constrição mental negativa - por um motivo qualquer - através de simples sugestão, indução ou coação, com o objetivo de domínio - processo esse que se repete continuamente, na Terra ou no Plano Espiritual inferior.”
Ainda sob a égide dessa magnífica autora, elenca-se a obsessão da seguinte maneira:

1. Encarnado para encarnado
É comum esse tipo de obsessão, haja vista a instabilidade emocional e psicológica dos seres humanos.
Normalmente, constitui uma obsessão sub-reptícia e a pessoa que sofre a ação sente-se muitas vezes protegida. Mas não percebe que “esse amor se torna tiranizante, demasiadamente possessivo, tolhendo e sufocando a liberdade do outro”. Ocorre sobejamente no cadinho doméstico na figura do marido que vive cerceando a esposa; ou esta que impõe seus caprichos ao companheiro; os pais, inseguros, que governam os filhos e impedem-lhes quaisquer iniciativas; é o amigo que pela sua força mental, seu poder de persuasão consegue dominar a vontade do outro.


2. Desencarnado para desencarnado


Ao adentrarmos a vida nova, após o desencarne, levaremos conosco todas as nossas idiossincrasias. Se positivas, essas virtudes concorrerão em nosso favor ensejando-nos companhias agradáveis de espíritos nobres. Mas, se negativas, teremos dificuldades em alçar vôos mais altos e atrairemos para junto de nós os espíritos que se coadunam com os nossos vícios, com as nossas fixações mentais negativas.
“Os homens são os mesmos: carregam os seus vícios e paixões, as suas conquistas e experiências onde quer que estejam”.
Devido aos nossos desajustes morais e psíquicos e, se descuramos da reforma íntima e da prece como um recurso de proteção e paz, podemos sofrer no além-túmulo o jugo dos obsessores que só podem nos atingir devido aos nossos desajustes, notadamente devido a fraqueza mental.
Esses asseclas do mal são capazes de criar regiões astrais de baixíssimo padrão vibratório para as suas vinganças e perseguições cruéis a outros espíritos desavisados ou a encarnados que se mergulham em vícios materiais e morais.


3. De encarnado para desencarnado


Trata-se de um tipo muito comum de obsessão, mormente devido ao despreparo de muitos de nós diante do desencarne. Quando um ente querido adentra o mundo dos espíritos, nós que ainda estamos na matéria densa nos revoltamos contra o Criador, somos tomados por sentimentos de dor, remorso entre outros. E essas matérias mentais negativas acabam por atormentar aqueles que já partiram. Muitas vezes eles entram em desequilíbrio devido ao nosso “amor” egoísta e possessivo. Ficamos inconformados e desesperados.


Toda essa onda mental atinge aqueles que partiram antes de nós e muitas vezes eles sentem-se também desesperados por se verem incapazes de dizer que a vida continua, que estão bem e que torcem para a nossa vitória moral.
Suely Caldas Schubert destaca também que a insatisfação dos herdeiros com a partilha dos bens determinada pelo morto faz com que o rancor, a raiva, a revolta e vários outros sentimentos negativos atinjam-no. E ele nada pode fazer a não ser lamentar as lutas ferozes por mais bens materiais daqueles que ficaram na matéria.


4. De desencarnado para encarnado


Muitos espíritos que desconhecem sua situação de desencarnados acabam, sem o quererem, por influenciar os que estão encarnados. Mas há a situação de perseguição e de vingança conscientes.
Os desencarnados têm vantagem por não serem vistos facilmente, não estarem na matéria e, outrossim, saberem das nossas imperfeições morais que muitas vezes ocultamos para os encarnados, mas que são impossíveis de serem ocultadas para a multidão de espíritos que nos cercam. É por esta razão que eles sabem as nossas fraquezas morais a agem sobre elas, para verem a nossa queda.


É o álcool, a droga, o sexo, algumas doenças psíquicas, a indução ao suicídio e tantas outras atuações que muitas vezes não percebemos e julgamos serem os nossos pensamentos.


5. Obsessão recíproca


“Essa característica de reciprocidade transforma-se em verdadeira simbiose, quando dois seres passam a viver em regime de comunhão de pensamentos e vibrações. Isto ocorre até mesmo entre os encarnados que se unem através do amor desequilibrado, mantendo um relacionamento enervante.”
Trata-se de uma simbiose. Obsessor-vítima estão jungidos. Necessitam-se, porque criaram liames desarmônicos. O conúbio infeliz oriundo da força mental negativa ou de comportamentos infelizes prossegue não somente no campo físico. Mas, também, no momento do sono físico, quando o espírito liberto da matéria densa continua a agir do mesmo modo.


6. A AUTO-OBSESSÃO


É um tipo de obsessão muito comum na sociedade hodierna. São pessoas que criam doenças fantasmas. Cuidam excessivamente do corpo, vivem para o culto da forma, enveredam-se pelo mundo da vigorexia, anorexia, bulimia, utilizam substâncias anabólicas entre outros meios. Ou ainda, descuidam do veículo carnal, afirmam que o importante é o espírito e que, por isso mesmo, devem imolar o corpo. Criam doenças fantasmas que nenhum esculápio consegue solucionar. “Sofrem por antecipação situações que jamais chegarão a se realizar, flagelando-se com o ciúme, a inveja, o egoísmo, o orgulho, o despotismo e transformam-se em (...) vítimas de si próprios.”


COMO TRATAR A OBSESSÃO?


- APRENDER A ORAR: formular preces com sentimento, com fé! Realizar, ao menos uma vez por semana, o culto do evangelho no lar.


- REFORMA INTERIOR: criar meios de sair dos vícios, esforçar-se, trabalhar em prol de si mesmo e do semelhante com a certeza de dias melhores. A reforma moral é uma tarefa não só da pessoa que passa por um processo obsessivo, mas para todos nós, espíritas ou não. A caridade é a melhor terapia. E devemos envidar todos os esforços para nos melhorarmos e seguirmos as pegadas do mestre de Nazaré.


- A FORÇA DE VONTADE E A AÇÃO MENTAL: alargam-se os estudos no campo da neurociência sobre o poder mental, particularmente a vontade interior do ser humano. A vontade de melhorar-se, que é filha da mente disciplinada no bem, faz com que o indivíduo mobilize as células espirituais e materiais para melhor e crie recursos que (conforme a vontade de Deus) farão com que a cura se estabeleça ou não. Não era sem sentido que Jesus sabiamente asseverava: “Tua fé o curou!”.


“Pelo pensamento desceremos aos abismos ou chegaremos às estrelas. Pelo pensamento nós nos tornamos escravos ou nos libertamos.”
- ESCLARECIMENTO DO OBSIDIADO: o obsidiado de hoje é o algoz do passado. Deste modo, ele necessita entender que a sua situação é um reflexo de um passado e também de suas atitudes do presente. Deste modo, torna-se imprescindível alertá-lo sobre a sua participação no processo de libertação. Ele será o protagonista desse processo. Oferecer-lhe esperança de dias melhores, apresenta-lhe uma proposta de alegria de viver e, paulatinamente, mostrar-lhe que por meio da reforma interior, pela mudança comportamental, ele logrará êxito.

- A FLUIDOTERAPIA: realizada nas casas espíritas, a fluidoterapia é uma ferramenta importantíssima nesse processo. Como o próprio nome indica é a terapia por meio do fluido. E o maior e mais relevante fluido de qualquer ser humano é o amor. O médium passista no momento em que realiza o passe está com o amparo e a proteção dos mentores espirituais, para a eficaz doação do amor. E “o amor cobre a multidão de pecados”, o amor transforma para o bem, o amor enseja a paz.


- A FAMÍLIA: faz-se mister a participação familiar no processo de reequilíbrio do indivíduo que sofre obsessão. Devem-se eliminar as brigas, desavenças no lar; realizar o culto do evangelho no lar; participar de atividades assistenciais; buscar a reforma interior; criar hábitos edificantes, salutares.

PARA SABER MAIS:

- Leia as obras de Manoel Philomeno de Miranda (espírito), psicografadas pelo médium Divaldo Pereira Franco. Tratam-se de obras notáveis e que muito nos esclarecem acerca da obsessão.

- O livro Obsessão/Desobsessão - Profilaxia e Terapêutica Espíritas, de Suely Caldas Schubert, também apresenta-nos importantes conhecimentos acerca da temática.

- Toda a série Nosso Lar, do espírito André Luiz é de conteúdo ímpar. Notadamente a obra Libertação trata de maneira interessante sobre os processos obsessivos.

- A obra notável A obsessão: instalação e cura. Organizada por Adilton Pugliese, baseada nas obras de Manoel Philomeno de Miranda.

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