domingo, 12 de abril de 2009

Os demónios segundo e espiritismo

Segundo o Espiritismo, nem anjos nem demônios são entidades distintas, por isso que a criação de seres inteligentes é uma só. Unidos a corpos materiais, esses seres constituem a Humanidade que povoa a Terra e as outras esferas habitadas; uma vez libertos do corpo material, constituem o mundo espiritual ou dos Espíritos, que povoam os Espaços. Deus criou-os perfectíveis e deu-lhes por objetivo a perfeição, com a felicidade que dela decorre. Deus não lhes deu, contudo, a perfeição, pois quis que a obtivessem por seu próprio esforço, a fim de que também e realmente lhes pertencesse o mérito. Desde o momento da sua criação que os seres progridem, quer encarnados, quer no estado espiritual. Atingido o apogeu, tornam-se Espíritos puros ou anjos, segundo a expressão vulgar; de sorte que, desde o embrião do ser inteligente até ao anjo, há uma cadeia ininterrupta, na qual cada um dos elos assinala um grau de progresso.


Disso resulta que há Espíritos em todos os graus de adiantamento moral e intelectual, conforme a posição em que se acham, no alto, embaixo ou no meio da imensa escala do Progresso.


Em todos os graus existe, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade. Nas classes inferiores destacam-se Espíritos ainda profundamente propensos ao mal e comprazendo-se com o mal. A estes pode-se denominar demônios, pois são capazes de todos os malefícios aos ditos atribuídos. O Espiritismo não lhes dá tal nome, pois entende que o mesmo se prende à idéia de uma criação distinta do gênero humano, com seres de natureza essencialmente perversa, votados ao mal eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem.


Segundo a doutrina da Igreja os demônios foram criados bons e tornaram-se maus por sua desobediência: são anjos colocados primitivamente por Deus no ápice da escala, tendo dela decaído. Segundo o Espiritismo os demônios são Espíritos imperfeitos, suscetíveis de regeneração e que, colocados na base da escala, hão de nela graduar-se.


Os que por indiferença, negligência, obstinação ou má-vontade persistem em ficar, por mais tempo, nas classes inferiores, sofrem as conseqüências dessa atitude, e o hábito do mal dificulta-lhes a regeneração. Chega-lhes, porém, um dia a fadiga dessa vida penosa e das suas respectivas conseqüências; eles comparam então a sua situação à dos bons Espíritos e compreendem que o seu interesse está no bem, procurando então melhorarem-se, mas por ato de espontânea vontade, sem que haja nisso o mínimo constrangimento. Eles estão submetidos à lei geral do progresso, em virtude da sua aptidão para progredir, mas não progridem, ainda assim, contra a vontade. Para isso Deus fornece-lhes constantemente os meios, porém, com a faculdade de aceitá-los ou recusá-los. Se o progresso fosse obrigatório não haveria mérito, e Deus quer que todos tenhamos o mérito de nossas obras. Ninguém é colocado em primeiro lugar por privilégio; mas o primeiro lugar a todos é franqueado à custa do esforço próprio. Os anjos mais elevados conquistaram a sua graduação, passando, como os demais, pela rota comum.


Chegados a certo grau de pureza, os Espíritos têm missões adequadas ao seu progresso; preenchem assim todas as funções atribuídas aos anjos de diferentes categorias.


E como Deus criou de toda a eternidade, segue-se que de toda a eternidade houve número suficiente para satisfazer às necessidades do Governo Universal. Deste modo uma só espécie de seres inteligentes, submetida à lei de progresso, satisfaz todos os fins da Criação.


Por fim, a unidade da Criação, aliada à idéia de uma origem comum, tendo todos o mesmo ponto de partida e a mesma trajetória a percorrer, elevando-se assim pelo próprio mérito, corresponde melhor à justiça de Deus do que a idéia da criação de espécies diferentes, mais ou menos favorecidas de dotes naturais, que seriam outros tantos privilégios.


A doutrina vulgar sobre a natureza dos anjos, dos demônios e das almas, não admitindo a lei do progresso, mas vendo, todavia, seres de diversos graus, concluiu assim que seriam produto de outras tantas criações especiais. E assim foi que chegou-se a fazer de Deus um pai parcial, tudo concedendo a alguns de seus filhos, e a outros impondo os mais rudes trabalhos. Não admira que por muito tempo os homens achassem justificação para tais preferências, quando eles próprios delas usavam em relação aos filhos, estabelecendo direitos de primogenitura e outros privilégios de nascimento. Podiam tais homens acreditar que andavam mais errados que Deus?


Hoje, porém, alargou-se o circulo das idéias: o homem vê mais claro e tem noções mais precisas de justiça; desejando-a para si e se nem sempre encontrando-a na Terra, ele quer pelo menos encontrá-la mais perfeita no Céu.


E aqui está por que lhe repugna à razão toda e qualquer doutrina na qual não resplenda a Justiça Divina na plenitude integral da sua pureza.




Texto retirado do livro “O Céu e o Inferno - A Justiça Divina Segundo o Espiritismo” – Allan Kardec

A REENCARNAÇÃO




A doutrina da reencarnação é uma descoberta recente do espírito humano?



- De forma alguma: a humanidade sempre acreditou nela; toda a Antigüidade a professou; os grandes iniciados a ensinaram ao mundo e Jesus mesmo a ela se referiu em seu Evangelho.




Temos provas da reencarnação dos Espíritos?




- Sim, primeiramente as que os próprios Espíritos nos trazem em suas revelações; em seguida, as aptidões inatas de cada indivíduo, que determinam sua vocação e lhe traçam neste mundo as grandes linhas de sua vida. Daí, as diferenças materiais, intelectuais e morais que distinguem entre si os homens na Terra e explicam as desigualdades sociais.





Onde o Espírito reencarna?




- Por toda parte no universo. Todos os mundos são destinados a receber a vida sob suas formas variadas e em todos os graus.


Onde estava a alma, antes de encarnar num corpo?




- No espaço. O espaço é o lugar dos Espíritos, como o mundo terrestre é o lugar dos corpos.


Que é o espaço?




- É a imensidade, isto é, o infinito onde se movem os mundos, a esfera sem limites, que nosso limitado pensamento não pode conceber nem definir.




Por que o Espírito que está no espaço encarna em um corpo?




- Porque é a lei de sua natureza, a condição necessária de seus progressos e de seu destino. A vida material, com suas dificuldades, precisa do esforço e o esforço desenvolve nossos poderes latentes e nossas faculdades em germe.





O Espírito só encarna uma vez?




- Não. Ele reencarna tantas vezes quantas sejam necessárias para atingir a plenitude de seu ser e de sua felicidade.


Mas, para atingir esse fim, a pluralidade das existências é então necessária?




- Sim, porque a vida do Espírito é uma educação progressiva, que pressupõe uma longa série de trabalhos a realizar e de etapas a percorrer.


Uma só existência humana, quando é muito boa e muito longa, não poderia bastar ao destino de um Espírito?




- Não. O Espírito só pode progredir, reparar, renovando várias vezes suas existências em condições diferentes, em épocas variadas, em meios diversos. Cada uma de suas reencarnações lhe permite apurar sua sensibilidade, aperfeiçoar suas faculdades intelectuais e morais.


Dissestes que o Espírito reencarna para reparar; então, ele praticou o mal em suas vidas precedentes?




- Sim. O Espírito praticou o mal, já que não fez todo o bem que devia ter feito. Existe aí uma lacuna que é necessário preencher.




Que é o mal?




- É a ausência do bem, como o falso é a negação do verdadeiro e a noite a ausência da luz. O mal não tem existência positiva; ele é negativo por natureza. A prática do bem engrandece o nosso Ser; a sua omissão o diminui.




Como as reencarnações nos permitem reparar as existências falhas?




- Da mesma forma como o operário recomeça a tarefa que fez mal, assim o Espírito refaz a vida em que falhou.




Já que vivemos várias vezes, como se explica que não guardamos nenhuma lembrança de nossas vidas passadas?




- Deus não o permite, porque nossa liberdade ficaria diminuída pela influência da lembrança do nosso passado. “O que põe a mão na charrua, se quer fazer bem seu trabalho, não deve olhar para trás.”




Por qual fenômeno o esquecimento de nossas vidas anteriores se produz assim entre nós?




- No momento em que o Espírito reencarna, isto é, toma um corpo, à medida que nele penetra, suas faculdades adormecem, uma após outra; a memória se apaga e a consciência adormece. No momento da morte se produz o fenômeno contrário: à medida que o Espírito desencarna, as faculdades se desprendem, uma após outra, a memória se liberta, a consciência desperta. Todas as vidas anteriores vêm, pouco a pouco, ligar-se à vida que o Espírito acaba de deixar.


É necessário que a vida atual seja suspensa, adormecida, para que as vidas anteriores se revelem?




- Sim, como é necessário que o sol se deite para que as estrelas, ocultas nas profundezas da noite, apareçam a nossos olhos.




Não existe algum meio de provocar momentaneamente a lembrança das vidas passadas?




- Sim. Pela hipnose ou sono artificial em diversos graus. Sábios contemporâneos fizeram e ainda fazem em nossos dias experiências concludentes, que comprovam a realidade das existências anteriores.


Como se fazem essas experiências?




- Quando um experimentador consciencioso e competente encontra um indivíduo apto a suportar sua influência magnética, ele o adormece. Graças a esse sono, a vida presente é momentaneamente suspensa: então, a lembrança das vidas anteriores, adormecida nas profundezas da consciência, desperta e o indivíduo hipnotizado revê e narra todo o seu passado. Foram escritos livros inteiros sobre essas revelações preciosas, que nos fazem conhecer as leis do destino.





Retirado do livro 'Síntese Doutrinária' – Léon Denis








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Sugestão de leitura sobre o tema “regressão a vidas passadas”:

Livro “Muitas Vidas, Muitos Mestres” - Dr. Brian Weiss.