terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Os Vícios e o Perispírito

"Entre os vícios, qual o que podemos considerar radical?

- Já o dissemos muitas vezes: o egoísmo. Dele deriva todo o mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe egoísmo. Por mais que luteis contra eles, não chegareis a extirpá-los enquanto não os atacardes pela raiz, enquanto não lhes houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade. Quem nesta vida quiser se aproximar da perfeição moral, deve extirpar do seu coração todo o sentimento de egoísmo, porque o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele neutraliza todas as outras qualidades ."

(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Terceiro. Capítulo XII. Perfeição Moral. Pergunta 913.)

F. Worm - Vícios como o cigarro e os tóxicos actuam também no perispírito da pessoa?

Divaldo - Sem dúvida. Tudo o que de bom ou de mau façamos, imprime como que uma matriz no perispírito, qual se fora um filme virgem que mais adiante irá revelar a exacta imagem colhida pela objectiva da câmara; Além disso os vícios do cigarro e dos tóxicos atuam nos centros vitais e nas correntes magnéticas do organismo, alterando a constituição da aura da pessoa. Viciações e excessos são, também, formas disfarçadas de autocídio.

Extraído do livro "Moldando o Terceiro Milénio" – Vida e obra de Divaldo Pereira Franco, autoria de Fernando Worm, Ed. LEAL

DROGAS E O ESPIRITISMO A SOCIEDADE MODERNA

Cada século tem indubitavelmente o seu mal. O passado, segundo os próprios Espíritos que se manifestaram na época, era marcado pelo orgulho e pelo egoísmo, apesar do avanço extraordinário do conhecimento humano de então. O século presente, tem sido marcado, no lado bom, pelo avanço tecnológico, mas no lado deficiente está cada vez mais crescentemente às voltas com incontáveis conflitos materiais e morais. Mas, ao lado da fome, da corrupção, da incredulidade, há um mal se enraizando de maneira insidiosa e veloz; mais que um mal, um flagelo: as drogas.

É, sem dúvida, um dos maiores e dos piores flagelos de que a Humanidade tem notícia!

Os vícios, de um modo geral, estão alterando o curso da história da criatura humana, degradando o ser, aniquilando sua personalidade, levando-o ao desequilíbrio total, à loucura, à violência e, não raro, ao suicídio.

A base da culpa da sua disseminação está, sem dúvida, na ausência de valores morais da sociedade dita moderna, na busca imediatista de prazeres desconhecidos, num desejo de preencher o vazio interior mediante métodos que efetivamente não conduzem aos efeitos desejados.

USO E ABUSO

A indução inicial ao uso das drogas decorre, quase sempre, da influência ou convivência com outros viciados, que acabam por despertar, inicialmente, a curiosidade dos inexperientes, ou então, da “venda da idéia” (falsa) de que devem defender-se da insatisfação com o mundo, mediante o ganho de uma pretensa euforia, disposição e coragem.

Mas, num plano mais amplo, o incentivo ao uso não se evidencia simplesmente nos núcleos de insatisfeitos, mas está fortemente influenciado por um gigantesco comércio ilegal, de poderosas organizações multinacionais em busca de vultosos lucros, de ganhos fáceis e de manutenção de “presas” vivas (os viciados), as quais, escravizadas, são impulsionadas a alimentar o vício. É uma verdadeira “ação de guerra” traçada e dimensionada por mercadores, traficantes e simples passadores das drogas, nos pontos mais estratégicos da atividade humana.

Não são poupadas criaturas de nenhuma idade, sexo, raça, profissão ou situação social, as quais, depois de enredadas no uso constante, no exercício da dependência, para satisfazer suas necessidades são levadas à mentira, à venda de bens pessoais, e, num grau mais avançado, ao roubo, ao assalto, ao seqüestro, chegando mesmo ao homicídio.

Passa a ser um flagelo sem limites e sem fronteiras!

A experimentação leva ao uso; o uso leva ao abuso; o abuso leva à dependência; a dependência leva à morte -- moral e também física.

AÇÃO DA FAMÍLIA

Lastimavelmente, tem-se presenciado o esfacelamento da célula familiar, seja em razão de pressões econômicas, seja pelo materialismo arraigado, seja pela degradação de valores morais e ausência de valores espirituais, e seja, até mesmo, pelo enfraquecimento da personalidade das criaturas eternamente insatisfeitas com sua real posição no mundo e na sociedade.

Esse cenário familiar é o caldo de cultura propício para empurrar os filhos para as drogas: um pouco de facilidade, muito de desregrada liberdade, bastante de desamor e um imenso NADA nas vidas.


Mas, ainda assim, competirá exatamente à própria família a tarefa de resgatar o jovem dos braços dos tóxicos. Somente ela poderá, com perspicácia, com coragem e com muito amor, sobretudo, avaliar a situação, mudar o quadro do comportamento familiar, e, afinal, buscar o caminho do tratamento médico adequado, que, muitas vezes, exigirá o sacrifício doloroso (mas redentor) do isolamento do viciado do convívio social.

CUIDADOS

Como Espíritas, temos o dever de lutar, com todas as armas, para combater os vícios de toda a sorte, fortalecendo a fé, implantando princípios de reta moral, tudo conseguido à custa do fortalecimento dos laços familiares, alertando para os compromissos que todos têm uns para com os outros, visando um futuro mais venturoso e menos penoso.

Jamais poderemos pactuar com as falsas “teses libertárias” que grassam por aí, tal como a da descriminação (descaracterização criminal) do uso das drogas. Liberar não é combater; combater é tratar quem já precisa e conscientizar quem ainda não entrou em tal triste caminho.

Fazemos nossas as judiciosas e ponderadas palavras de Emmanuel (Lições de Sabedoria, pg. 132): “Mesadas grandes que não são acompanhadas de carinho e de calor humano paterno e materno geram conflitos muito grandes. Muitas vezes a privação do dinheiro, o trabalho digno e o afeto vão construir uma vida feliz.” E arremata, quanto ao movimento de descriminação das drogas: “Se elas sempre foram prejudiciais até agora, será com palavras que vamos torná-las úteis?”

Francisco Aranda Gabilan
http://www.usepiracicaba.com.br/Conteudo/Paginas/VisDetalhes.aspx?ch_top=8&ch_use=434

Os pais perante o jovem que começa o uso de drogas

Antes das reprimendas e desesperos, vale uma pausa para meditar nas possíveis causas dessa desafortunada escolha do jovem.

A droga representará uma fuga para aqueles atormentados em si próprios, desassistidos no lar, muitas vezes, vivendo em gaiolas douradas, onde os pais sempre lhes deram tudo de material, sem lhes oferecerem o coração compreensivo, os ouvidos atentos, os olhos vigilantes. Muitos saíam e voltavam, sem que seus pais soubessem onde e com quem estavam, nas fases de estruturação do carácter, quando pesam influências exteriores às do lar, mormente quando as do lar não primaram pelo acompanhamento, pelo diálogo, pela leitura atenta dos discursos silenciosos dos adolescentes.

Nesses casos, que se abra mão do orgulho perturbador, que se busque o auxílio médico e a ajuda espiritual no seu campo de crença. Caso não tenha um ponto de apoio espiritual definido, que lhe garante sustento na fase difícil, as Instituições Espíritas, quando bem orientadas pela Codificação Kardequiana, muito lhes poderá socorrer por meio da oração, da sua fluidoterapia, das técnicas dialogais e da desobsessão, pois os casos de adentramento nos vícios de quaisquer naturezas acabam por atrelar-se a processos obsessivos.

Verificar quanto à possibilidade de procurar a inestimável ajuda que os grupos dos Alcóolicos-Anónimos (Al-Anon) ou dos Narcóticos-Anónimos (NarAnon), costumam prestar à sociedade, com sua dinâmica de envolver pais, amigos e familiares dessa criatura vitimada pela infelicidade da drogadição.

Ante os filhos assinalados pela dependência química, junto a todas as providências médico-espirituais, jamais desistam do amor, do envolvimento afectivo e maduro, lúcido e bom, confiando na Providência de Deus, e pondo em Suas Mãos, os seres que vieram para um destino abençoado na reencarnação, e que, por um ou por outro motivo, deixaram-se arrastar pela viciação.

Do livro "Desafios da educação", pelo espírito Camilo ditado a J. Raul Teixeira, pág. 46/47,

Editora FRATER

AS DROGAS E SUAS IMPLICAÇÕES ESPIRITUAIS

Xerxes Pessoa de Luna

I – Introdução


Um dos problemas mais graves da sociedade humana, na atualidade, é o consumo indiscriminado, e cada vez mais crescente, das drogas, por parte não só dos adultos, mas também dos jovens e, lamentavelmente, até das crianças, principalmente nos centros urbanos das grandes cidades.


A situação é tão preocupante, que cientistas de várias partes do Planeta, reunidos, chegaram à seguinte conclusão: "Os viciados em drogas de hoje podem não só estar pondo em risco seu próprio corpo e sua mente, mas fazendo uma espécie de roleta genética, ao projetar sombras sobre os seus filhos e netos ainda não nascidos."


Diante de tal flagelo e de suas terríveis conseqüências, não poderia o Espiritismo, Doutrina comprometida com o crescimento integral da criatura humana na sua dimensão espírito-matéria, deixar de se associar àqueles segmentos da sociedade que trabalham pela preservação da vida e dos seus ideais superiores, em seus esforços de erradicação de tão terrível ameaça.


O efeito destruidor das drogas é tão intenso que extrapola os limites do organismo físico da criatura humana, alcançando e comprometendo, substancialmente, o equilíbrio e a própria saúde do seu corpo perispiritual. Tal situação, somada àquelas de natureza fisiológica, psíquica e espiritual, principalmente as relacionadas com as vinculações a entidades desencarnadas em desalinho, respondem, indubitavelmente, pelos sofrimentos, enfermidades e desajustes emocionais e sociais a que vemos submetidos os viciados em drogas.

Em instantes tão preocupantes da caminhada evolutiva do ser humano em nosso planeta, cabe a nós, espíritas, não só difundir as informações antidrogas que nos chegam do plano espiritual benfeitor que nos assiste, mas, acima de tudo, atender aos apelos velados que esses amigos espirituais nos enviam, com seus informes e relatos contrários ao uso indiscriminado das drogas, no sentido de envidarmos esforços mais concentrados e específicos no combate às drogas, quer no seu aspecto preventivo, quer no de assistência aos já atingidos pelo mal.


II - A Ação das Drogas no Perispírito


Revela-nos a ciência médica que a droga, ao penetrar no organismo físico do viciado, atinge o aparelho circulatório, o sangue, o sistema respiratório, o cérebro e as células, principalmente as neuroniais.

Na obra "Missionários da Luz" - André Luiz ( pág. 221 - Edição FEB), lemos: "O corpo perispiritual, que dá forma aos elementos celulares, está fortemente radicado no sangue. O sangue é elemento básico de equilíbrio do corpo perispiritual." Em "Evolução em dois Mundos", o mesmo autor espiritual revela-nos que os neurônios guardam relação íntima com o perispírito.

Comparando as informações dessas obras com as da ciência médica, conclui-se que a agressão das drogas ao sangue e às células neuroniais também refletirá nas regiões correlatas do corpo perispiritual, em forma de lesões e deformações consideráveis que, em alguns casos, podem chegar até a comprometer a própria aparência humana do perispírito. Tal violência concorre até mesmo para o surgimento de um acentuado desequilíbrio do Espírito, uma vez que "o perispírito funciona, em relação a esse, como uma espécie de filtro na dosagem e adaptação das energias espirituais junto ao corpo físico e vice-versa.

Por vezes o consumo das drogas se faz tão excessivo, que as energias, oriundas do perispírito para o corpo físico, são bloqueadas no seu curso e retornam aos centros de força.


III - A Ação dos Espíritos Inferiores Junto ao Viciado


Esta ação pode ser percebida através das alterações no comportamento do viciado, dos danos adicionais ao seu organismo perispiritual, já tão agredido pelas drogas, e das conseqüências futuras e penosas que experimentará quando estiver na condição de espírito desencarnado, vinculado a regiões espirituais inferiores.


Sabemos que, após a desencarnação, o Espírito guarda, por certo tempo, que pode ser longo ou curto, seus condicionamentos, tendências e vícios de encarnado. O Espírito de um viciado em drogas, por exemplo, em face do estado de dependência a que ainda se acha submetido, no outro lado da vida, sente o desejo e a necessidade de consumir a droga. Somente a forma de satisfazer seu desejo é que varia, já que a condição de desencarnado não lhe permite proceder como quando na carne. Como Espírito precisará vincular-se à mente de um viciado, de início, para transmitir-lhe seus anseios de consumo da droga, posteriormente, para saciar sua necessidade, valendo-se para tal do recurso da vampirização das emanações tóxicas impregnadas no perispírito do viciado, ou da inalação dessas mesmas emanações quando a droga estiver sendo consumida.

"O Espírito de um viciado em drogas, em face do estado de dependência a que se acha submetido, no outro lado da vida, sente o desejo e a necessidade de consumir a droga."

Essa sobrecarga mental, indevida, afeta tão seriamente o cérebro, a ponto de ter suas funções alteradas, com conseqüente queda no rendimento físico, intelectual e emocional do viciado. Segundo Emmanuel, "o viciado, ao alimentar o vício dessas entidades que a ele se apegam, para usufruir das mesmas inalações inebriantes, através de um processo de simbiose em níveis vibratórios, coleta em seu prejuízo as impregnações fluídicas maléficas daquelas, tornando-se enfermiço, triste, grosseiro, infeliz, preso à vontade de entidades inferiores, sem o domínio da consciência dos seus verdadeiros desejos".


IV - Contribuição do Centro Espírita no trabalho antidrogas desenvolvido pelos Benfeitores Espirituais
A Casa Espírita, como Pronto-Socorro espiritual, muito pode contribuir com os Espíritos Superiores, no trabalho de prevenção e auxílio às vítimas das drogas nos dois lados da vida.


Com certeza, essa contribuição poderia ocorrer através de medidas que, no dia-a-dia da Instituição, ensejassem:
a. UM INCENTIVO CADA VEZ MAIS CONSTANTE ÀS ATIVIDADES DE EVANGELIZAÇÃO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE, principalmente com sua implantação, caso a Instituição ainda não tenha implantado.


b. Estimular seus freqüentadores, em particular a família do viciado em tratamento, à prática do EVANGELHO NO LAR. Essas pequenas reuniões, quando realizadas com o devido envolvimento e sinceridade de propósitos, são fontes sublimes de socorro às entidades sofredoras, além, naturalmente, de concorrer para o estreitamento dos laços afetivos familiares, o que decerto estimulará o viciado, por exemplo, a perseverar no seu propósito de libertar-se das drogas ou a dar o primeiro passo nesse sentido.


c. Preparar devidamente seu corpo mediúnico para o sublime exercício da mediunidade com Jesus, condição essencial ao socorro às vítimas das drogas, até mesmos as desencarnadas.

d. No diálogo fraterno com o viciado e seus familiares, sejam-lhes colocados à disposição os recursos socorristas do tratamento espiritual: passe, desobsessão, água fluidificada e reforma íntima.


e. Criar, no trabalho assistencial da Casa, uma atividade que enseje o diálogo, a orientação, o acompanhamento e o esclarecimento, como fundamentação doutrinária, ao viciado e a seus familiares.


V - Conclusão


Diante dos fatos e dos acontecimentos que estão a envolver a criatura humana, enredada no vício das drogas, geradoras de tantas misérias morais, sociais, suicídios e loucuras, nós, espíritas, não podemos deixar de considerar essa realidade, nem tampouco deixar de concorrer para a erradicação desse terrível flagelo que hoje assola a Humanidade. Nesse sentido, urge que intensifiquemos e aprimoremos cada vez mais as ações de ordem preventiva e terapêutica, já em curso em nossas Instituições, e que, também, criemos outros mecanismos de ação mais específicos nesse campo, sempre em sintonia com os ensinamentos do Espiritismo e seu propósito de bem concorrer para a ascensão espiritual da criatura humana às faixas superiores da vida.


(Reformador – Março/98)
(Jornal Mundo Espírita de Abril de 1998)

POR QUE AS MORTES COLETIVAS ? POR QUE AS MORTES COLETIVAS, TERREMOTOS, TESUNAMES,

(Quem responde é Leon Denis, Filósofo Francês e Espírita)

Pergunta-se às vezes o que se deve pensar das mortes prematuras, das mortes acidentais, das catástrofes que, de um golpe, destroem numerosas existências humanas. Como conciliar esses fatos com a idéia de plano, de providência, de harmonia universal?
As existências interrompidas prematuramente por causa de acidentes chegaram ao seu termo previsto. São em geral, complementares de existências anteriores, truncadas por causa de abusos ou excessos. Quando, em conseqüências de hábitos desregrados, se gastaram os recursos vitais antes da hora marcada pela natureza. Tem-se de voltar a perfazer, numa existência mais curta, o lapso de tempo que a existência precedente devia ter normalmente preenchido. Sucede que os seres humanos, que devem dar essa reparação, se reúnem num ponto pela força do destino, para sofrerem, numa morte trágica, as conseqüências de atos que têm relação com o passado anterior ao nascimento. Daí, as mortes coletivas, as catástrofes que lançam no mundo um aviso. Aqueles que assim partem, acabaram o tempo que tinham de viver e vão preparar-se para existências melhores.

(LEON DENIS, no Livro O problema do Ser do Destino e da Dor, primeira parte, item X - a Morte))

Entrevista Divaldo P. Franco (Eutanásia, células tronco, tsunami) Entrevista Divaldo

Maringá–05.04.05



Entrevista concedida por Divaldo Pereira Franco, para o programa “O Espiritismo Responde”, apresentadora Ivone Schuchuli, da cidade de Maringá, em 05 de abril de 2005.



Programa O Espiritismo Responde: Recentemente a opinião pública esteve dividida em uma situação envolvendo a eutanásia. A principal justificativa é evitar o sofrimento da pessoa e até evitar gastos para a família. Qual é a posição espírita?


Divaldo: A posição espírita encontra-se definida no Evangelho Segundo o Espiritismo, bem como em O Livro dos Espíritos , ambos de autoria de Allan Kardec. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo foi interrogado ao Espírito São Luís: “É licito abreviar a vida de alguém que se encontra em padecimentos terminais?” Ele foi peremptório : “De maneira nenhuma, porquanto esses momentos terminais são de alto significado para o Espírito porque pode mesmo arrepender-se de equívocos do passado, completar o período de vida que lhe falta para encontrar a plenitude. E também, ainda neste capitulo, o Espírito Protetor volta ao tema, quando a questão da eutanásia ainda não se encontrava, pelo menos, com este alcance da atualidade. Em outra oportunidade o Espírito Santo Agostinho analisando o Mal e o Remédio, estabelece também quanto à necessidade de preservar a vida. Partindo-se do ponto de vista científico, a função da medicina não é evitar a morte. Segundo os melhores especialista, é prolongar a vida. Logo, se a tecnologia médica dispõe de recursos para prolongar a vida, por que restringi-la? Ora por piedade, ora por processo de natureza socioeconômica, naturalmente o prolongamento de um paciente em máquinas, particularmente nas grandes metrópoles, é muito caro. Mas se o indivíduo não tem recursos é uma justificativa para que ele deixe de contribuir, mas não para que lhe solicitem a eutanásia. Cabe aos hospitais públicos darem prosseguimento a esse mister. No caso em que dividiu a opinião pública na atualidade em todo o mundo, o de TerrySkiavo, nota-se uma frieza muito grande, quando a Suprema Corte dos USA confirma o resultado das Cortes de Nova Jersey e também da Flórida, que permitem que ela tenha os aparelhos desligados para morrer à fome e à sede. O Espiritismo é terminantemente contrário a qualquer instrumento que leve à morte. Não temos o direito de interromper uma vida da qual nós não somos criadores.



Programa O Espiritismo Responde: Foram quase 300 mil mortos no Tsunami. TRATA-SE DE CARMA COLETIVO ? Todas aquelas pessoas teriam que passar por aquela situação?


Divaldo: Não necessariamente através de um Tsunami, de um terremoto, de uma erupção vulcânica. Allan Kardec teve ocasião de examinar essa problemática, quando em O Livro dos Espíritos ele estuda a Lei de Destruição. Periodicamente esses cataclismos que varrem a Terra, que destroem milhares de vidas, primeiro, porque fazem parte do processo de transformação do nosso globo terrestre, constituído por placas tectônicas, que ainda encontram-se adaptando. Sendo o centro da Terra ainda de matéria liquefeita e de gases, é natural que aquelas partes já condensadas estejam com muitas falhas entre uma grande placa e outra. Foi lamentável e doloroso acompanhar essa morte coletiva. Mas ela estava dentro dos desígnios divinos, porque do ponto de vista espírita é secundária a maneira pela qual o indivíduo morre, seja durante uma gripe, uma parada cardíaca, um acidente, a morte é a mesma, ela é muito mais dolorosa para que fica, para quem acompanha. Estamos diante de um carma coletivo como outros tantos carmas, que periodicamente varrem a Terra a fim de despertar-nos para mudança da psicosfera do planeta. Se considerarmos o homem contemporâneo das estrelas e das micropartículas, veremos que muitas das suas atitudes são tão primitivas como a dos bárbaros das antigas florestas ou das tribos nômades que invadiram a Europa, os godos, os visigodos, os normandos, que salgavam a terra por onde passavam para que sequer a grama vingasse. Então, esses Espíritos reencarnam-se em grupos e são convidados, em grupos, para o resgate coletivo.



Programa O Espiritismo Responde: E com relação às pesquisas no campo das células tronco, dos embriões congelados, há divergências entre a opinião da ciência e a da religião. O que você nos diz sobre essa questão?

Divaldo: Quando for possível fazer uma ponte entre ciência e religião, fica muito mais fácil. A tarefa da ciência, indubitavelmente, é pesquisar. Se a ciência tivesse limites, hoje nós não teríamos a tecnologia de ponta que nos facilita tanto a comunidade, inclusive o prolongamento da vida. Mas, nessa busca da investigação científica, às vezes alguns pesquisadores exorbitam. Toda vez, quando a vida corre ameaça, é compreensível que haja uma bioética. As grandes nações trabalham isto e o Brasil também, para que se estabeleça uma bioética. Nem tudo deve ser permitido na área da investigação. Houve momentos muito dolorosos na recente história dos USA, quando se fizeram pesquisas a respeito da sífilis, tomando pacientes negros e pacientes brancos para ver como reagiam ao processo degenerativo da enfermidade. E, ao invés de aplicarem medicamentos para os negros igual aos que davam para os brancos, aos negros davam placebo, a fim de ver como a sífilis ira destrui-los, e isso no século XX, mais ou menos na segunda metade, o que foi um clamor que ainda hoje repercute muito mal na imagem dos direitos humanos da grande parte norte-americana. No caso das células tronco, a Doutrina Espírita, na sua visão religiosa, é totalmente favorável. Toda e qualquer pesquisa que objetive o progresso, a diminuição das dores, a mudança de situação da criatura, é válida, mas para tanto é necessário respeitar a vida que está em processo de desenvolvimento. A ciência constatou que vários organismos possuem a célula tronco: o cordão umbilical, a placenta, a medula óssea do próprio paciente, não com a mesma fertilidade daquelas células de 21 dias do zigoto, que estão ricas de possibilidades para moldar os futuros órgãos. No dia em que a ciência conseguir adaptar a sua busca e o seu projeto, preservando a vida, nós aplaudiremos, como também no caso daqueles que estão adormecidos, dos óvulos fecundados, e que se encontram em depósito nos grandes laboratórios; segundo a ciência eles devem ter uma prevalência de aproximadamente cinco anos. A partir de então é provável que já não tenham mais possibilidades de fecundar. E, se não tiverem mais possibilidades de fecundar, é porque o Espírito desligou-se naturalmente. Mas também se interroga: quando se trata de óvulos que estão fecundados, ricos de vida no ovo e se elege uns e matam os outros? A ciência vai descobrir que essa vida embrionária não é de espontaneidade da matéria, mas sim da presença do Espírito. Ao destrui-los se interrompe uma futura existência, com menos conseqüências negativas, porque os Espíritos que ali se encontram imantados estão também cumprindo um período de provas e essa própria prova é uma maneira de resgatar débitos do passado.



Programa O Espiritismo Responde: Como entender a manifestação da providência divina frente à violência que acontece na Terra?

Divaldo: A violência é ainda o estágio primário da criatura humana. Nós somos herdeiros de instintos que fazem parte da nossa existência. O princípio espiritual que esteve no reino mineral e vegetal, transitou por alguns milhões de anos na fase animal, onde desenvolveu a sensibilidade do sistema nervoso e, naturalmente, dos instintos primários. É natural que na fase hominal na qual nos encontramos, entre 50 mil e 10 mil anos até atingirmos a razão, o indivíduo seja mais violência instintiva do que razão que discerne. A divindade vê-nos como um grande tabuleiro de xadrez. Essa violência que tanto nos choca é também uma maneira de nos advertir, para levar-nos ao lado oposto: a resignação, a coragem, a clemência. É um período de transição e em todo período de transição, o clímax da violência é muito grande. Em todas as épocas da história, a guerra teve mais prevalência do que a paz. O período de guerra é muito mais amplo do que o período de harmonia, e chegou-se mesmo a dizer que a paz é o período em que as nações se armam para a próxima guerra. Então, a divindade vê a violência como estágio primário, próprio do nosso planeta de provas que, lentamente, nos enseja à percepção da pureza, da tranqüilidade e da harmonia que nós vamos buscando à duras penas.



Programa O Espiritismo Responde: Muito se falou em uma nova era após a virada do século. Quais seriam as perspectivas para uma nova era?

Divaldo: Essa nova era vem muito lenta, desde aproximadamente os anos 1950. Naquele período sociológico dos hipyes, quando se procurou derrubar a máscara da hipocrisia, a chamada mentalidade vitoriana, em que o erro não era agir equivocadamente, era o povo tomar conhecimento. As pessoas mascaravam-se de uma manifestação puritana ao invés de serem pessoas puras. Começou ali a grande transformação. E os sonhadores, todos nós somos caçadores de mitos, uma herança arcaica da nossa personalidade, logo estabeleceram que o 3o milênio seria o milênio da paz. Será, mas o 3o milênio tem mil anos. Basta recordar que pouco tempo depois da virada do século, do milênio, nós tivemos um ato terrorista de 11 de setembro nos USA e conseqüentemente, em diversos países do mundo, mostrando agora o aspecto de violência dantes jamais pensado, em que o individuo suicida-se para matar. A vida que é um dom precioso e que todos nós preservamos, desde o animal, por instinto de conservação, passou a ser joguete de política. Política arbitrária por causa das injustiças sociais. Então chegará a era nova, a era de paz, porém lentamente. As leis divinas não têm pressa e não acontecem abruptamente. Os bons Espíritos me dizem e também a outros médiuns, que este século se caracterizará pela beleza, pelo poder do amor, da religião. Após esse período de grande dissolução dos costumes e de agressividade, virá uma era de harmonia em que nós aplicaremos as conquistas do século XX, a ciência e a tecnologia, em favor da plenitude do indivíduo através da paz, da beleza, e do amor.



Programa O Espiritismo Responde: Várias obras espíritas tem nos trazido informações sobre a influência espiritual sobre nós. Boa e má. Como é esse processo?

Divaldo: Allan Kardec interrogou aos Espíritos, conforme está em O Livro dos Espíritos: “Interferem os Espíritos em nossos pensamentos, palavras e atos?” E eles redargúem: “Muito mais do que pensais, a ponto de que são eles que vos dirigem”. É uma lei de afinidade. Nós vivemos num universo de ondas, mentes, raios, idéias, como dizia Albert Einstein. Graças à nossa emissão de onda, nós recebemos uma resposta compatível. Da mesma maneira que, ao mudar um canal de televisão, nós mudamos de estação que está mandando a mensagem, ao direcionarmos nosso pensamento para este ou aquele ângulo da vida, haverá uma resposta correspondente. Se orarmos, sintonizaremos com Deus e Seus embaixadores vêm ter conosco. Quando cultivamos pensamentos perturbadores, as Entidades afins acercam-se-nos, porque nos tornamos um verdadeiro pólo de atração, e, à semelhança de um imã, aquelas migalhas de ferro aderem, mas tudo isso é transitório, por causa da nossa enfermidade. Na medida em que mudamos de atitude mental, essa interferência continuará, porém positiva. Neste momento, profundamente perturbadora.



Programa O Espiritismo Responde: Muitas religiões pregam a salvação. Na visão espírita, qual é a proposta de salvação para o homem?

Divaldo: É a do encontro dele com a própria consciência. Por isso que Allan Kardec escreveu: “Fora da caridade não há salvação”. Ele não se refere aqui à salvação do Espírito no mundo espiritual. Por conseqüência, sim. É como dizer: ou um indivíduo procede bem ou não tem salvação para ele. Não tem alternativa. Então Allan Kardec propõe a educação dos hábitos, a educação dos costumes, o conhecimento, a ação do bem. E está exarado no 6o capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo uma proposta especifica que nós generalizaríamos. Ao invés de “espíritas amai-vos e instrui-vos”, nós proporíamos: criaturas amai-vos e instrui-vos, porque enquanto o amor não tem instrução, não tem conhecimento, vira paixão e quando a instrução não tem o amor, vira perversidade. Nesta união, as duas asas do sentimento e do conhecimento dão a sabedoria. Então, é natural que neste momento, a nossa visão salvacionista não seja salvívica. O reino dos céus é a construção da autoconsciência em que Deus está presente, e quando ocorre a morte, o individuo está muito bem, porque ele já se encontra preparado pelas alegrias que recebeu pelo caminho e então, espiritualmente, também está salvo.



Programa O Espiritismo Responde: Como podemos entender o Espiritismo como a 3a revelação?

Divaldo: Do ponto de vista abrangente, o Espiritismo seria a 3a revelação. Porque nós vemos Crishna, na Índia, 4 mil antes de Cristo, como um grande revelador, depois Buda apresentando, quase 200 anos antes de Cristo, uma doutrina de pacificação, também revelador; poderemos ver Confúcio e tantos outros. Mas na revelação judaico-cristã, Moisés liberta o seu povo e torna-se o mensageiro de Deus através do decálogo. É a lei. Então essa é a revelação primeira; para a felicidade indispensável, o culto e o respeito à lei. Vem Jesus e coroa a lei de amor. Através do amor a lei torna-se justa e benigna. E vem o Espiritismo e dá uma modelação melhor. Ele oferece a reencarnação, para poder ensejar ao indivíduo a mudança de atitude perante a vida, o porquê dos seus sofrimentos, e poder seguir a lei e ao mesmo tempo poder amar. Então, do ponto de vista judaico-cristã, o Espiritismo é a 3a revelação, mas do ponto de vista abrangente, um dia, o evangelho de Jesus coroará a Humanidade, porque nele se encontram todas as sabedorias que estão em outras obras. Eu me recordo dos pensamentos de Buda quando ele teve ocasião de dizer, por exemplo: “Sede como o sândalo, que perfuma o machado que o corta”. Nós poderemos encontrar no Evangelho algo equivalente: “...E se alguém te pedir a capa, dá-lhe também a manta. Se pedir-lhe mil passos, segue com ele dois mil. Se te ofender, perdoa, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes...”, e assim por diante. Haverá um sentido holístico, em que o “ismo”, típico da paixão humana, cederá lugar ao sentimento de fraternidade em que todos se encontrarão com a verdade.



Programa O Espiritismo Responde: Fale-nos sobre Joanna de Angelis, a Mentora Espiritual que te acompanha há tanto tempo, que tanta luz tem trazido para a Humanidade.

Divaldo: O Espírito Joanna de Ângelis também para mim foi um grande enigma. Durante muitos anos eu via uma claridade ao meu lado e escutava uma voz muito dúlcida. Quando eu adquiri discernimento, perguntei um dia: - “Que és?” E a voz me disse: - “Eu sou um Espírito amigo para te acompanhar”. Quando me tornei espiritista pela consciência da Doutrina, dei-me conta de que todos temos um guia, Espíritos protetores, Espíritos amigos e perguntei-lhe: - “Você é meu anjo protetor?” E o Espírito disse: - “Não, eu sou um Espírito amigo”. Mais tarde, sabendo que a maioria das pessoas médiuns conhecia seu Espírito guia, perguntei: - “Você é meu Espírito guia?”: e o Espírito disse: - “Não, teu guia é Jesus; eu sou um Espírito amigo teu”. Eu fiquei algo ressentido, porque eu queria um guia pessoal, um guia para mim. E disse: - “Mas Jesus é o Guia da Humanidade toda, eu queria saber o seu nome”. O Espírito disse: - “Chame-me Joanna”. Eu achei o nome muito popular. Eu gostaria de um nome mais arrebatador. Eu era jovem e havia assistido um filme, O Morro dos Ventos Uivantes, e tinha escutado um nome que me fascinou naquela época, Ritclif, que era um personagem central. Eu havia planejado que quando tivesse um filho eu colocaria o nome Ritclif. Ora, para um Guia Espiritual eu queria algo retumbante e para minha surpresa, foi um nome singelo, Joanna. O Espírito, notando a minha decepção, disse: - “Pode chamar-me Joanna de Ângelis”. Passaram-se muitos anos e em 1969 eu estava na Cidade do México proferindo uma conferencia quando ela me disse para ir à cidade de São Miguel Nepantla e que pedisse a um rapaz na platéia, que está gravando, para que me levasse até lá. Quando terminou a conferência, pedi ao rapaz, que me levou, de bom grado, no domingo. Quando lá chegamos, ela me dirigiu a um determinado lugar que teria sido a casa da fazenda onde havia nascido como Joana Inez de Asbaje. Era uma menina mestiça, muito amável, uma inteligência privilegiada; logo aos12 anos foi convidada para servir como dama de companhia da Rainha. A inteligência era brilhantíssima. Ela teve discussão com vários sábios, espontaneamente, aos 15 anos, e se tornou a primeira feminista do mundo latino-americano. Então veio a tendência religiosa e ela foi para uma ordem muito austera, mas era frágil e não agüentou. Foi para outra ordem e ali então recebeu o nome de Sóror Juana Inez de la Cruz. Tornou-se uma poetisa de grande nomeada , uma trabalhadora do bem e gerou uma animosidade muito grande com a Abadessa porque ela possuía nesta época, 5 mil livros, mapas, escrevia canções, teatro, e Abadessa achou que aquilo era vaidade e tomou-lhe tudo. Ela então, com o próprio sangue escreveu um depoimento dizendo que renunciava a tudo, menos ao direito da mulher ter muito valor, porque a mulher à época era muito subestimada, e ela disse que a mulher era realmente uma emissária de Deus. Criticada, porque falava de ciência ela dizia: - “Eu não vejo por que, pois quando vou à cozinha e vou colocar sal na panela tenho que entender de química, quando olho para o céu, tenho que entender de astronomia”, fez uma defesa muito bonita. E desencarnou quando uma onda de peste tomou conta da Cidade do México. Ela cuidou dos pestosos e contaminou-se. E reencarnou na cidade de Salvador, sendo, mais tarde, Joanna Angélica de Jesus, que dá a vida na época da Independência da Bahia, quando soldados transpassam a porta do convento, arrebatando-lhe a vida, em 1922. Então ela contou-me essa historia e eu fiquei fascinado. Desde então, cada dia, este Espírito é para mim uma interrogação. A sua sabedoria impressiona. A partir de 1985 começou a escrever psicologia e eu perguntei: - “Mas como a senhora pode falar sobre psicologia?” - “Quero fazer uma ponte entre a psicologia espírita, a psicologia transpessoal e a psicologia tradicional. Agora nós teremos uma psicologia dentro dos moldes e dos padrões”. Escreveu 12 livros. Eu disse: - “Mas minha irmã, a senhora na Terra não foi psicóloga, foi uma religiosa”. Ela sorriu complacente. – “Meu filho, não esqueça que quando os cientistas vão para a Terra levar a mensagem, levam-na daqui e quando voltam, nós fazemos uma análise uma avaliação aqui, não seja de surpreender”. Ela já escreveu por meu intermédio 52 livros. E continua escrevendo. Generosa, bondosa, muito paciente e enérgica, para poder conduzir um trem descarrilado como eu, necessita de um condutor muito enérgico.



Programa O Espiritismo Responde: O que representou para a Humanidade Chico Xavier?

Divaldo: O venerando apóstolo da mediunidade Francisco Cândido Xavier foi um braço de união entre as lágrimas dos homens e das mulheres, e a misericórdia de Deus. Pela sua ponte mediúnica milhares de lágrimas foram consoladas. Acredito que ele psicografou aproximadamente 10 mil mensagens particulares, e os seus livros, que venderam mais de 20 milhões de exemplares, atenderam a milhões e milhões de pessoas. Mas ele teve um outro caráter: desdobrar as informações contidas nas obras básicas do espiritismo, trazendo-nos uma visão mais nítida do mundo espiritual, à semelhança do sacerdote inglês que escreveu o livro A Vida Além do Véu, G. Vale Owen, Chico Xavier desvelou o além túmulo, mostrando-nos como é o mundo causal em relação ao nosso mundo cópia . Mas ele conseguiu um milagre maior, a bondade. Ele realmente foi o homem da gentileza. Perdeu, em determinado momento, um grave compromisso para não decepcionar uma criança. Quando lhe perguntaram qual foi um dos maiores momentos de sua vida ele respondeu: – “Eu ia pegar um ônibus para ir à cidade. Era quase 16 horas e eu tinha um compromisso que não podia adiar, quando, de longe, uma criança chama: tio Chico, tio Chico. Estava com um problema: deixar aquela criança, que decepção para ela; não pegar o ônibus, perco uma questão muito importante. Entre os dois, eu optei pela criança. Esperei, o ônibus se foi e a criança veio com uma florzinha de mato e me entregou. Aquele foi um momento culminante da minha vida”. Então, isso dá-nos uma idéia da grandeza de um homem que influenciou o século em que viveu e está influenciando àquele que desencarnou e será um marco histórico nas atividades de solidariedade humana e da Doutrina Espírita.



Programa O Espiritismo Responde: Um dia o amor estará implantado na Terra.

Divaldo: Sem a menor sombra de dúvida, já está. Porque o ódio é o amor que enlouqueceu; o ciúme é o amor doente; a violência é o amor ausente. O amor é incito na criatura humana. Porque sendo nós luz, da divina luz gerados, nós temos o amor. Ele está guardado dentro de nós e como uma semente ele está envolto pela casca grosseira. No momento em que as condições sejam propiciatórias, a semente germina. Eu vejo o monstro da guerra nesse momento, a guerra no Iraque, as guerras praticamente em todo o mundo, mais de 60 pontos de guerra, diz a Unesco. Vemos aqui na América Latina as guerras trágicas das Farcs. na Colômbia, os para-blindados, a guerra urbana, o número de assassinatos... TerrySkiavo aparece com aquela expressão de um ser que morreu no corpo, e o mundo se comove. É o amor. O mundo se abala com uma vida que praticamente estava fanada. Lemos o jornal e vemos a chacina no Rio de Janeiro: 30 pessoas assassinadas miseravelmente por covardes. A gente tem um choque, porque o amor está aqui dentro. Então o choque da tragédia dos que foram assassinados no Rio e a doçura do olhar de TerrySkiavo mostram que, em breve, o amor tomará conta de nós, porque será a única solução para os problemas humanos.



Programa O Espiritismo Responde: Divaldo, nos deixe uma mensagem:

Divaldo: Que amem. Quando nós queremos ser amados, ainda somos crianças psicológicas. Quando nós amamos, atingimos a plenitude. Quando alguém nos persegue, está doente. Quando nós perseguimos, estamos mal. Se nos fazem mal, esse mal não nos alcança porque o mal só tem vigência naquele que o cultiva.

Seja você quem ama. Dispute a honra de amar. Não tema o amor. Quando nós amamos, uma estrela de paz brilha em nosso coração e a felicidade irradia-se como perfume. Quando queremos ser amados, ainda temos caprichos, temos impositivos, temos perturbações. O amor, diz Joanna de Ângelis, é a alma de Deus, porque Deus é a alma do amor.



Fonte: LISTA ABRADE-PALESTRA

Exclusiva para troca de experiências sobre exposições / palestras de temas espíritas.

E-mail: abrade@abrade.com.br Home Page: www.abrade.com.br
Retirado http://www.usepiracicaba.com.br/Conteudo/Paginas/VisDetalhes.aspx?ch_top=2&ch_use=677

domingo, 7 de dezembro de 2008

A Doutrinação

1 - A Doutrinação
A Doutrinação é a moderna técnica espírita de afastar os espíritos obsessores através do esclarecimento doutrinário. Essa técnica é moderna e foi criada e desenvolvida por Allan Kardec para substituir as práticas bárbaras do Exorcismo, largamente usada na Antiguidade, tanto na medicina como nas religiões. O conceito do doente mental como possessão demoníaca gerou a ideia de espancar o doente para retirar o Demónio do seu corpo. Nos hospitais a cura processava-se através de espancamentos diários. Nas Religiões recorria-se a métodos de expulsão por meio de preces, objectos sagrados como crucifixos, relíquias, rosários e terços, medalhas, aspersão de água benta, ameaças e xingos, queima de incensos e outros ingredientes, pancadas e torturas. As formas de exorcismo mais conhecidas entre nós são a judaica e a católica, sendo a judaica mais racional, pois nela se empregavam também o apelo à razão do Dibuk, considerado como espírito demoníaco ou alma penada. A tradução da palavra hebraica Dibuk, que nos parece mais acertada é a de alma penada, pois os judeus reconheciam e identificavam o espírito obsessor como espírito humano de pessoa morta que se vingava do obsidiado ou cobrava débitos dele e da família. No exorcismo católico prevaleceu até hoje a ideia de possessão demoníaca.
As pesquisas espíritas do século passado levaram Kardec a instituir e praticar intensivamente a doutrinação como forma persuasiva de esclarecimento do obsessor e do obsidiado, através de sessões de desobsessão. Ambos necessitam de esclarecimento evangélico para superarem os conflitos do passado. Afastada a ideia terrorista do Diabo, o obsessor e obsidiado são tratados com amor e compreensão, como criaturas humanas e não como algoz satânico e vítima inocente. A doutrinação espírita humanizou e cristianizou o tratamento das doenças mentais e psíquicas, influindo nos novos rumos que a Medicina tomava nesse sentido. Alguns espíritas actuais pretendem suprimir a doutrinação, alegando que esta é realizada com mais eficiência pelos Espíritos bons no plano espiritual. Essa é uma prova de ignorância generalizada da Doutrina no próprio meio espírita, pois nela tudo se define em termos de relação e evolução. Os espíritos sofredores, que são os obsessores, permanecem mais ligados à Terra e portanto à matéria. Dessa maneira, os Espíritos Benevolentes muitas vezes se manifestam nas sessões de desobsessão e servem-se dos médiuns para poderem comunicar-se com os obsessores. Apegados à matéria e à vida terrena, os obsessores necessitam de sentir-se seguros no meio mediúnico, envolvidos nos fluidos e emanações ectoplásmicas da sessão, para poderem conversar de maneira proveitosa com os Espíritos esclarecedores. Basta esse facto, comum nas sessões bem orientadas, para mostrar que a doutrinação humana dos espíritos desencarnados é uma necessidade.
Pensemos um pouco no que ficou dito sobre relação e evolução. Os planos espirituais são superpostos. A partir da Terra, constituem as chamadas esferas da tradição espiritualista européia, segundo o esquema da Escala Espírita (O Livro dos Espíritos) como regiões destinadas aos vários graus ou ordens dos espíritos. Essas esferas ou planos espirituais são mundos que se elevam ao infinito. Quanto mais elevado o mundo, mais distanciado está do nosso mundo carnal. A doutrinação existe em todos os planos, mas o trabalho mais rude e pesado é o que se processa em nosso mundo, onde os espíritos dos mundos imediatamente superiores vêm colaborar conosco, ajudar-nos e orientar-nos no trabalho doutrinário. Orgulhoso e inútil, e até mesmo prejudicial, será o doutrinador que se julgar capaz de doutrinar por si mesmo. A sua eficiência depende sempre da sua humildade, que lhe permite compreender a necessidade de ser auxiliado pelos espíritos bons. O doutrinador que não compreende esse princípio precisa de doutrinação e esclarecimento, para afastar de seu espírito a vaidade e a pretensão. Só pode realmente doutrinar espíritos quem tiver amor e humildade.
Mas é importante não confundirmos humildade com atitudes piegas, com melosidade. Muitas vezes a doutrinação exige atitudes enérgicas, não ofensivas ou agressivas, mas firmes e imperiosas. É o momento em que o doutrinador, firmado em sua humildade natural – decorrente da consciência que tem das suas limitações humanas – trata o obsessor com autoridade moral, a única autoridade que podemos ter sobre os espíritos inferiores. Esses espíritos sentem a nossa autoridade e se submetem a ela, em virtude da força moral de que dispusemos. Essa autoridade só a conseguimos através de uma vivência digna no mundo, sendo sempre correctos em nossas intenções e em nossos atos, em todos os sentidos. As nossas falhas morais não combatidas, não controladas, diminuem a nossa autoridade sobre os obsessores. Isso nos mostra o que é a moral: poder espiritual que nasce da retidão do espírito. Não se trata da moral convencional, das regras da moral social, mas da moral individual, íntima e profunda, que realiza a integração espiritual do ser voltado para o bem e a verdade.
Mas essa integração não se consegue com sistemas ou processos artificiais, com reformas íntimas impostas de fora para dentro como geralmente se pensa. Existe a moral exógena, que nos é imposta de fora pelas conveniências da convivência humana. Essa moral exógena, pelo simples facto de se fundar em interesses imediatos do homem e não do ser é a casa construída na areia segundo a parábola evangélica. A moral de que necessitamos é endógena, vem de dentro para fora, brota da compreensão real e profunda no sentimento da vida. É a moral espontânea, determinada por uma consciência esclarecida que não se rende aos interesse imediatistas da vida social. Este é um problema em que precisamos pensar, meditar a sério e a fundo para podermos adquirir a condição de doutrinar com eficiência, dando amor, compreensão e estímulo moral aos espíritos inferiores. O Espiritismo, como acentuou Kardec, é uma questão de fundo e não de forma.
A doutrinação praticada com plena consciência desses princípios atinge o obsessor, o obsidiado, os assistentes encarnados e desencarnados e, particularmente, ao próprio doutrinador, que se doutrina a si mesmo, doutrinando os outros. Note-se a importância e o alcance de uma doutrinação assim praticada. É ela a alavanca com que podemos deslocar a mente do charco de pensamentos e sentimentos inferiores, egoístas e maldosos em que se afundou. É, por isso mesmo, a alavanca com a qual podemos mover o mundo, como queria Arquimedes, para colocá-lo na órbita do Espírito. Para podermos usar essa alavanca a todos os instantes: no silêncio da nossa mente, na actividade incessante do nosso pensamento, na conversação séria ou até mesmo fútil, nas relações com o próximo, nas discussões dos mais variados problemas, na exposição dos princípios doutrinários aos que desejam ouvir-nos, numa carta, num bilhete, numa saudação social – mas sempre com discrição, sem insistências perturbadoras, sem carranca e seriedade formal. O primeiro sintoma da contenção desse problema é a alegria que nos ilumina por dentro e se irradia ao nosso redor, contagiando os outros. Porque a vida é uma bênção e portanto é alegria e não tristeza, jovialidade e não carrancismo.
Não estamos na vida para sofrer, mas para aprender. Cada dificuldade que nos desafia é uma experiência de aprendizado. O sofrimento é consequência da nossa incompreensão da finalidade da vida. Desenvolvendo a razão no plano humano, o ser se envaidece com a sua capacidade de julgar e comete os erros da arrogância, da prepotência, da vaidade, da insolência. Julga-se mais dotado que os outros e com mais direitos que eles. Essa é a fonte de todos os males humanos. A doutrinação espírita, equilibrada, amorosa, modifica a nós mesmos e aos outros, abre as mentes para a percepção da realidade-real que nos escapa, quando nos apegamos à ilusão das nossas pretensões individuais, geralmente mesquinhas. Foi isso o que Jesus ensinou ao dizer: “Os que se apegam à sua vida perdê-la-ão, mas os que a perderam por amor a mim, esses a encontrarão”.
A meditação sincera e desinteressada sobre estas coisas é o caminho da nossa libertação e da libertação dos outros. Só aquele que está livre pode libertar.
2 - Psicologia da doutrinação
O doutrinador deve ler e reler, com atenção e persistência, a Escala Espírita (O Livro dos Espíritos) para bem informar-se dos tipos de espíritos com que vai defrontar-se nas sessões. A escala nos oferece um quadro psicológico da evolução espiritual, que podemos também aplicar aos encarnados. No trato com os espíritos, o conhecimento desse quadro facilita grandemente e doutrinação. Os espíritos inferiores usam geralmente de artimanhas para nos iludirem e se divertem quando conseguem, prejudicando-se a si mesmos e fazendo-nos perder tempo. Temos de encará-los sempre como necessitados e tratá-los com o desejo real de socorrê-los. Mas precisamos de psicologia para conseguirmos ajudá-los. A tipologia que a Escala nos oferece é de grande valia nesse sentido. Por outro lado, a leitura dos casos de doutrinação relatados por Kardec na Revista Espírita nos oferece exemplos valiosos de como podemos nos conduzir, auxiliados pelos espíritos protectores da sessão, para atingir bons resultados.
A prática da doutrinação é uma arte em que o bom doutrinador vai se aprimorando na medida em que se esforça para dominá-la. Enganam-se os que pensam que basta dizer aos espíritos que eles já morreram para os sensibilizar. Não basta, também, citar-lhes trechos evangélicos ou fazê-los orar repetindo a nossa prece. É importante também explicar-lhes que se encontram em situação perigosa, ameaçados por espíritos malfeitores que podem dominá-los e submetê-los aos seus caprichos. A ameaça de perda da liberdade os amedronta e os leva geralmente a buscar melhor compreensão da situação em que se encontram. Mas não se deve falar disso em tom de ameaça e sim de explicação pura e simples. Muitos deles já estão dominados por espíritos maldosos, servindo-lhes de instrumentos mais ou menos inconscientes. O médium que recebe a entidade sente as suas vibrações, percebe o seu estado e pode ajudar o doutrinador, procurando absorver os seus ensinos. Através da compreensão do médium o espírito sofredor ou obsessor é mais facilmente tocado no seu íntimo e desperta para uma visão mais real da sua própria situação. Doutrinador e médium formam um conjunto que, quando bem articulado, age de maneira eficiente para a entidade.
O doutrinador deve ter sempre em mente todo esse quadro, para agir de acordo com as possibilidades oferecidas pela comunicação do espírito. Com os espíritos rebeldes, viciados na prática do mal, só a tríplice conjugação da autoridade moral do doutrinador, do médium e do espírito protector poderá dar resultados positivos e quase sempre imediatos. Se o médium ou o doutrinador não dispuser dessa autoridade, o espírito se apegará à fraqueza de um deles ou de ambos para insistir nas suas intenções inferiores. Por isso Kardec acentua a importância da moralidade na relação com os espíritos. Essa moralidade, como já dissemos, não é formal, mas substancial, decorre das intenções e dos actos morais dos praticantes de sessões, não apenas nas sessões, mas em todos os aspectos de suas vidas.
Os espíritos sofredores são mais facilmente doutrinados, pois a própria situação em que se encontram favorece a doutrinação. Se muito erraram na vida terrena, permanecendo por isso em situação inferior, o facto de não se entregarem à obsessão depois da morte já mostra que estão dispostos a regenerar-se. Só a prática abnegada da doutrinação, com o desejo profundo de servir aos que necessitam, dará ao médium e ao doutrinador a sensibilidade necessária para distinguir rapidamente o tipo de espírito com que se defrontam. O doutrinador intuitivo aprimora rapidamente a sua intuição, podendo perceber, logo no primeiro contacto, a condição do espírito comunicante. A psicologia da doutrinação não tem regras específicas, dependendo mais da sensibilidade do doutrinador, que deverá desenvolvê-la na prática constante e regular. Mesmo que o doutrinador seja vidente, não deve confiar apenas no que vê, pois há espíritos maus e inteligentes que podem simular aparências enganadoras, que a percepção psicológica apurada na prática facilmente desfará. Não é preciso ser psicólogo para doutrinar com eficiência, mas é indispensável conhecer a Escala Espírita, que nos dá o conhecimento básico indispensável.
3 - Os recém-desencarnados
As manifestações de espíritos recém-desencarnados ocorrem com frequência nas sessões destinadas ao socorro espiritual. Revelam logo o seu estado de angústia ou confusão, sendo facilmente identificáveis como tal. Muitas vezes são crianças, o que provoca estranheza, pois parecem desamparadas. Quando esses espíritos se queixam de frio, pondo às vezes, o médium a tremer, com mãos geladas, é porque estão ligados mentalmente ao cadáver. Se o doutrinador lhes disser cruamente que morreram ficam mais assustados e confusos. É necessário cortar a ligação negativa, desviando-lhes a atenção para o campo espiritual, fazendo-os pensar em Jesus e pedir o socorro do seu espírito protetor. Trata-se a entidade como se ela estivesse doente e não desencarnada. Muda-se a situação mental e emocional, favorecendo a sua percepção dos espíritos bons que a cercam, em poucos instantes a própria entidade percebe que já passou pela morte e que está amparada por familiares e espíritos que procuram ajudá-la.
Nos casos de crianças desamparadas que chamam pela mãe o quadro é tocante, emocionando as pessoas sensíveis. Mas a verdade é que essas crianças estão assistidas. O facto de não perceberem a assistência decorre de motivos diversos: a incapacidade de compreender por si mesmas a situação, a completa ignorância do problema da morte em que foram mantidas ou consequências do passado reencarnatório em que abandonaram as crianças ao léu ou mesmo que as mataram. A reacção moral da lei de causa e efeito as obriga a passar pelas mesmas condições a que submeteram outros seres em vida anterior. O doutrinador deve lembrar, nessas ocasiões, que o Mundo Espiritual é perfeitamente organizado e que essas provas de resgate e ensino passam rapidamente. Tratado com amor e compreensão, esses espíritos logo percebem a presença de entidades que na verdade já o socorriam e a levaram à sessão para facilitarem a sua percepção do socorro espiritual. Ninguém fica ao desamparo depois da morte. Essas mesmas situações chocantes representam socorro ao espírito para despertar-lhes a piedade que não tiveram em vida.
Quanto às manifestações de crianças que são consideradas como espíritos pertencentes às legiões infantis de socorro e ajuda, o doutrinador não deve deixar-se levar por essa aparência, mas doutrinar o espírito para que ele se retorne com mais facilidade à sua posição natural de adulto, o que depende apenas de esclarecimento doutrinário. As correntes de crianças que se manifestam nas linhas de Umbanda e outras formas de mediunismo popular são formadas por espíritos que já estão capazes de ser encaminhados como espíritos adultos no plano espiritual. Se lhe dermos atenção, continuarão a manifestar-se dessa maneira, entregando-se a simulações que, embora sem intenções malévolas, prejudicam a sua própria e necessária reintegração na vida espiritual de maneira normal. Esses espíritos, apegados à forma carnal e que morreram (como crianças), entregam-se a fantasias e ilusões que lhes são agradáveis, mas que, ao mesmo tempo, os desviam das suas obrigações de após-morte. O mesmo acontece com espíritos que se manifestam como debilóides ou loucos. Precisam ser chamados à razão, pois entregam-se comodamente à lei de inércia, querendo continuar indefinidamente como eram na sua encarnação já finda. Ocorre o mesmo no caso de espíritos que se manifestam em condições larvares ou animalescas. O doutrinador não pode aceitá-los como se apresentam, pois estão simplesmente tentando fugir às suas responsabilidades, através de ardis a que se apegam e com os quais muitas vezes se divertem.
Todos os espíritos, ao passarem pela morte, têm o dever de reintegrar-se na posse da sua consciência e dos seus deveres. Gozando do seu livre arbítrio, apegados a condições que lhes parecem favoráveis para viverem à vontade, entregam-se a ilusões que devem ser desfeitas pela doutrinação. É para isso que são levados às sessões, e não para serem acocados em suas fantasias. Os espíritos que os protegem recorrem ao ambiente mediúnico para que eles possam ser mais facilmente chamados à realidade, graças às condições humanas em que mergulham no fluido mediúnico das sessões.
4 - Santos, diabos e clérigos
Nas manifestações mediúnicas da Era Apostólica, no chamado culto pneumático dos apóstolos e seus discípulos, era frequente a manifestação de espíritos diabólicos, com pesadas injúrias a Jesus e a Deus, como contam os historiadores do Cristianismo Primitivo. O Apóstolo Paulo trata desse culto na I Epístola aos Coríntios, no tópico referente aos Dons Espirituais. O nome de culto pneumático deriva da palavra grega pneu, que significa sopro, espírito. Nas sessões espíritas actuais surgem as manifestações de Santos, Diabos e Padres, geralmente condenando as práticas espíritas. Os Doutrinadores precisam de habilidade para distinguir os brincalhões e os mistificadores, das entidades ainda realmente apegadas às funções religiosas que exerceram em sua vida terrena. Os supostos santos usam uma linguagem melíflua, carregada de falsa bondade, com que pretendem iludir os participantes ingénuos das sessões. O doutrinador precisa lembrar-se que, se eles fossem realmente santos, não viriam combater as sessões mediúnicas e os ensinos mediúnicos de Jesus. Não devem perder muito tempo com eles. Basta mostrar-lhes que estão em mau caminho e que nada conseguirão com suas manhas. Os Diabos aparecem sempre de maneira grotesca, procurando fazer estardalhaço, ameaçando e roncando como bichos. Com paciência e calma, mas sem lhes dar trelas, o doutrinador os afastará logo. Os espíritos de padres e freiras, frades e outros clérigos são mais insistentes, querendo discutir sobre interpretações evangélicas. O melhor que se pode fazer é convidá-los a orar a Jesus. Embora manhosos, são espíritos necessitados de ajuda e esclarecimento. Com sinceridade e amor são facilmente doutrináveis. Mais raras são as manifestações de pastores protestantes e de rabinos judeus, mas também ocorrem. Manifestam-se sempre demasiadamente apegados a letras dos textos bíblicos e evangélicos. Inútil entrar em discussão com eles. Tratados com amor e sinceridade acabam retirando-se e já entregues a antigos companheiros de profissão, já esclarecidos, que geralmente os trouxeram à sessão mediúnica para aproveitar as facilidades do ambiente. A doutrinação tem o duplo poder da verdade e do amor, a que eles não podem resistir por muito tempo. Alguns costumam voltar com insistência em várias sessões. Devem ser sempre recebidos com espírito fraterno e com a intenção pura de auxiliá-los. Sabemos que, nos planos inferiores da Espiritualidade, os espíritos encontram situações favoráveis à continuidade das suas actividades terrenas. A natureza não dá saltos. O espírito que deixou o corpo sente-se em seu corpo espiritual e em relação com espíritos de sua mesma condição. Integram-se num meio adequado às suas ideias e continuam a experiência terrena em condições muito semelhantes à da Terra. O doutrinador precisa compreender bem esse problema, lendo e estudando as obras de Kardec, onde os Espíritos Superiores colocaram esses problemas de maneira bastante clara. A nossa função nas sessões é ajudar essas criaturas a libertarem-se do passado, integrando-se na realidade espiritual que não atingiram na vida terrena, enleados nos enganos e nas ilusões de falsas doutrinas.
Outros tipos de manifestações, como as de espíritos de negros velhos e de índios ligados a suas religiões primitivas, não raro perturbam os doutrinadores sem experiência. Não são mistificadores, mas entidades que continuam apegadas à forma física e à ideia que tiveram na Terra. Os mistificadores logo se revelam, como ensina Kardec, deixando aparecer a ponta da orelha por baixo do chapéu ou da cabeleira. Não é justo nem cristão expulsá-los ou ofendê-los de qualquer maneira. Paciência e amor são sempre os ingredientes de uma doutrinação eficiente. Quando se mostram demasiados renitentes, perturbando os trabalhos, o melhor é chamar o médium a si mesmo, fazendo-o desligar-se do espírito perturbador. Geralmente ele voltará em outras sessões, mas então já tocados pelo efeito da doutrinação e desiludidos da sua pretensão de dominar o ambiente. O episódio serve também para reforçar a confiança do médium em si mesmo, demonstrando-lhe que pode cortar por sua vontade as comunicações perturbadoras.
5 - A teledoutrinação
Os corações amorosos, em todos os tempos, apelaram à oração para socorrer a distância os entes queridos. Das práticas mágicas primitivas, nascidas na selva, nas regiões polares, nos desertos e na vastidão dos mares, o homem passou, nas civilizações agrárias e pastoris, as rogativas dirigidas aos deuses. Da forma de acção directa da magia selvagem – principalmente a simpática ou simpatética, baseada na ideia das relações por semelhança, à mente mais experiente e desenvolvida passava à acção indirecta das rogativas. A acção directa é mágica. Não pertence ao campo da Religião, mas ao da Magia. O Homo Faber, ou seja, o homem que confia na sua capacidade de fazer, havendo descoberto relações de semelhança (simpáticas) entre coisas e seres, acreditava poder agir directamente à distância sobre inimigos e amigos através das relações de semelhança. O Homo Sapiens, ou seja, o homem interessado em saber, buscava conhecer um tipo superior de relações – o mental e emocional, ligando os seus deuses (espíritos bons) aos quais dirigia as suas rogativas. Assim nasceram as Religiões, arrancadas pelo espírito das entranhas materiais da Magia.
Nos povos mais adiantados da Antiguidade – entre os quais se destacaram, nesse campo, os egípcios, os gregos, os judeus, os arianos da Índia, os chineses e os celtas – a utilização da mediunidade nas práticas oraculares acelerou o desenvolvimento espiritual da Humanidade. Essa aceleração produziu o refinamento intelectual, restrito às elites culturais, e transformou o acervo de experiências das práticas mágicas em formulações teológicas e elaborações litúrgicas e rituais, doiradas com a purpurina dos sofismas e das pretensões teológicas. As ordenações e as sagrações encheram o mundo civilizado de instituições supostamente sagradas, em que permanecem até hoje os resíduos mágicos das selvas. Essas Religiões e Ordens Ocultistas estão carregadas de conceitos absurdos sobre a vida e a morte, com cerimoniais especialmente preparados para influir na credulidade das criaturas ingénuas ou sensíveis.
A Idade Média européia, acompanhada dos períodos medievais diferenciados em outras partes do mundo, gerou o fanatismo religioso e as guerras de religião, as mais impiedosas e brutais, feitas em nome de Deus, cujo conceito era recortado do modelo bíblico de Iavé, o deus dos Exércitos das bárbaras conquistas judaicas. O Cristianismo se transformou numa superestrutura cultural fundamentada na magia primitiva do sangue, com todas as consequências falsas e desumanas de uma Ciência do Absurdo – a Teologia, Ciência dos homens que tinham Deus como objecto. A reacção dialética era inevitável e o aceleramento cultural, regido pelas leis do espírito, gerou revolta científica do Renascimento, da Era da Razão.
Só nos Séculos XVIII e XIX abriram-se as perspectivas para uma compreensão racional, e portanto humana, das relações espirituais entre Deus e o Homem. E só a pesquisa espírita e sacrificial de Kardec conseguiu romper o nevoeiro restante das pesadas trevas teológico-medievais. Espantado o nevoeiro, Kardec pode oferecer ao mundo o conceito da telegrafia humana, no qual o problema da oração, tomado no sentido mais simples da palavra prece, restabelecia a verdade sobre a natureza humana e suas relações com Deus.
Ao mesmo tempo, descobria-se a existência das relações humanas à distância, da telegrafia humana, tão simples e natural como as que então ocorriam através do telégrafo elétrico. Nesse processo telegráfico aparentemente mental os homens podiam comunicar-se entre si através de todas as distâncias, inclusive as até então insuperáveis distâncias da morte. E o problema da morte, em que até hoje as Igrejas se confundem e se embaralham, tornava-se claro à compreensão de qualquer criatura de bom senso.
Essa expressão comum – o bom senso – plebéia, popularesca, transformada pelo vulgo em medidazinha de bolso dos moralistas de esquina, Kardec a transformou em critério de verdade. Era um escândalo falar em bom senso entre as alucinações teológicas da época e a loucura fecunda dos cientistas. Descartes o fizera num desafio de espadachim, num golpe de ironia contra os teólogos, mas Kardec o fazia numa tomada de posição no campo da Verdade. O bom senso, que até então só servira como recurso de acomodação dos medíocres às regras banais da moral burguesa, entre os flocos de algodão da hipocrisia, transformava-se em bússola de navegantes audaciosos em mares nunca dantes navegados. E Kardec mostrou sem alardes, com a tranquilidade do sábio, que essa expressão humilde e desprezada era a própria chave do futuro. Não era através de golpes de imaginação, de inspirações e intuições maravilhosas, mas da observação e da pesquisa científica dos fenómenos que se podia arrancar a verdade sobre o homem, a vida e a morte; o destino da Civilização é obter uma concepção lógica de Deus. A realidade total só nos era acessível através desse point d’optique, desse centro visual em que todo Cosmos se reflectia; a descoberta da telegrafia humana não havia sido um golpe de génio, nem um relâmpago da Sabedoria Infusa dos teólogos, mas um resultado de pesquisas minuciosas e teimosas, na carne e no espírito de criaturas ingénuas e simples.
Hoje as pesquisas parapsicológicas e biofísicas, em plena Era Cósmica, comprovam a realidade da telegrafia humana com a expressão científica da telepatia, que diz exactamente o que Kardec proclamava no seu tempo, há mais de um século. Telepatia não é apenas transmissão do pensamento, mas de todo o pathus individual da criatura, que se define também como projecção do eu. É graças a essa projecção espiritual que podemos falar em teledoutrinação, ou seja, em doutrinação à distância. Kardec relata na Revista Espírita a cura de uma jovem obsidiada, cuja família católica não permitia a sua frequência a sessões espíritas; à revelia da família e da própria jovem, formou-se um pequeno grupo de amigos que passou a reunir-se todos os dias, em hora determinada, emitindo pensamentos de ajuda e orientação espiritual a ela e às entidades perturbadoras. A moça foi curada sem tomar conhecimento desse facto. Experiências actuais de telepatia, realizadas por pesquisadores ingleses, como os professores universitários C.G. Soal, Wathely Caringgthon e Price, bem como por pesquisadores norte americanos, como Rhine, Pratt e Puharicch, e pesquisadores soviéticos como Prof. Vassiliev e o grupo de pesquisas da Universidade de Kirov, confirmaram plenamente o êxito dessas intervenções à distância. Chegaram mesmo a comprovar a possibilidade de acção hipnótica à distância, por meio da telepatia. A Ciência Espírita tem hoje a sanção da Parapsicologia, através de experiências e pesquisas realizadas nos maiores e mais importantes Centros Universitários do Mundo.
Dessa maneira, o costume aparentemente ingénuo de se colocar o nome e endereço de pessoas necessitadas na mesa de sessões espíritas, para que sejam beneficiadas à distância, não só pelos métodos espirituais de cura mas também pelo afastamento de entidades perturbadoras e obsessoras, integra-se hoje no campo das realidades científicas comprovadas. O Espiritismo se firma como a primeira Ciência do Paranormal, de cujos flancos chicoteados pela sapiência arrogante e falsa do materialismo e do religiosismo fanáticos, nasceram as disciplinas científicas modernas e contemporâneas da Parapsicologia, da Psicofísica e da Metapsíquica de Richet.
As práticas de acção à distância podem ser individuais ou em grupos, dependendo a sua eficácia unicamente da boa vontade e da intenção real e firme de auxiliar os necessitados.
As pessoas que hoje ainda consideram essas práticas de solidariedade humana como utópicas ou supersticiosas, por mais credenciadas que sejam culturalmente, revelam falta de actualização científica ou, o que é pior, preconceitos inadmissíveis em nosso tempo.
As pessoas que pretendem reduzir a fenomenologia paranormal a manifestações de faculdades humanas sem intervenção de entidades espirituais contrariam a realidade científica mundialmente comprovada, pretendendo colocar as suas opiniões pessoais e os seus preconceitos acima das rigorosas comprovações científicas atuais. Trata-se de pretensão evidentemente exagerada. As que se apoiam em crenças e dogmas religiosos para se oporem a essa realidade são espíritos sistemáticos. O Espiritismo, como Kardec afirmou, é contrário ao espírito de sistema, fundamentando os seus princípios na observação e na pesquisa. Factos são factos e só podem ser negados por pesquisas científicas rigorosas, realizadas por cientistas qualificados.
J. Herculano Pires

Obsessão - o Passe - a Doutrinação