terça-feira, 9 de dezembro de 2008

CONSIDERANDO A OBSESSÃO

Autor: Manoel Philomeno de Miranda (espírito)


Com etiologia muito complexa, a alienação por obsessão continua sendo um dos mais terríveis flagícios para a Humanidade.


Não significando a morte o fim da vida, antes o inicio de nova expressão de comportamento, em que o ser eterno retorna ao Mundo Espiritual donde veio, a desencarnação liberta a consciência que jazia agrilhoada aos liames carnais, ora desarticulando, ora ampliando as percepções que melhor se fixaram nos painéis da mente, fazendo que o ser, agora livre do corpo físico, se revincule ou não aos sítios, pessoas ou aspirações que sustentou durante a vilegiatura carnal.


O amor, por constituir alta aspiração do Espírito, mantêm-no em comunhão com os objetivos superiores que lhe representam sustento e estímulo, na marcha do progresso. Assim, também, o ódio e todo o seu séqüito de paixões decorrentes do egoísmo e do orgulho, reatam os que romperam os grilhões da carne àqueles que foram motivo das suas aflições e angústias, especialmente se se permitiram guardar as idéias e reações negativas equivalentes.


Sutilmente a princípio, em delicado processo de hipnose, a idéia obsidente penetra a mente do futuro hóspede que, desguardado das reservas morais necessárias à manutenção de superior padrão vibratório, começa a dar guarida ao pensamento infeliz, incorporando-o às próprias concepções e traumas que vêm do passado, através de cujo comportamento cede lugar à manifestação ingrata e dominadora da alienação obsessiva.


Vezes outras, através do processo da agressividade violenta, com que a indução obsessiva desorganiza os registros mentais da alma encarnada, produz-se o doloroso e lamentável domínio que se transforma em subjugação de longo curso.


Noutras oportunidades, inspirando sentimentos nefastos, latentes ou não no paciente desavisado, os desencarnados em desdita nele instalam o seu baixo teor vibratório, logrando produzir variadas distonias psíquicas e emocionais, que o atormentam e desgovernam, graças à inditosa dependência em que passa a exaurir-se, a expensas da vontade escravizante do hóspede que o encarcera e aflige...


Pululam por toda parte os vinculados gravemente às Entidades perturbadoras do Mundo Espiritual inferior.


Obsidiados, desse modo, sim, somos quase todos nós, em demorado trânsito pelas faixas das fixações tormentosas do passado, donde vimos para as sintonias superiores que buscamos.


Muito maior, portanto, do que se supõe, é o número dos que padecem de obsessões, na Terra.


Lamentavelmente, esse grande flagelo espiritual que se abate sobre os homens, e não apenas sobre eles, já que existem problemas obsessivos de várias expressões, como os de um encarnado sobre outro, de um desencarnado sobre outro, de um encarnado sobre um desencarnado e, genericamente, deste sobre aquele, não tem merecido dos cientistas nem dos religiosos o cuidado, o estudo, o tratamento que exige.


Antes, vinculados a preconceitos injustificáveis, os cientistas e religiosos se entregavam à indiferença, quando não à perseguição sistemática aos portadores de obsessões, acreditando que, ao destruírem as vítimas de tão grave enfermidade, aniquilavam a ignorada causa do problema...


Aliás, ainda hoje, a situação. é idêntica, variando, apenas, na forma de encarar a questão.


Mesmo as modernas Ciências, que se preocupam em conhecer profundamente a psique humana, colocam, a priori, os problemas obsessivos à margem, situando-os em posições muito simplistas, já que os seus pesquisadores se encontram atados a raciocínios e conclusões de fisiologistas e psicólogos do século passado, que se diziam livres de qualquer vinculação com a alma...


Repontam, é verdade, aqui e ali, esforços individuais, tentando formular respostas claras e objetivas às tormentosas interrogações da afligente quão severa problemática, logrando admitir a possibilidade da interferência da mente desencarnada sobre o deambulante do escafandro orgânico.


Terapêutica salutar, porém, para a magna questão, é a Doutrina Espírita. Não apenas como profilaxia, mas, ainda, como terapêutica eficiente, por assentar as suas lições e postulados nos sublimes ensinamentos de Jesus-Cristo, com toda a justiça cognominado “O Senhor dos Espíritos”, graças à sua ascendência, várias vezes demonstrada, ante as Entidades ignorantes, perturbadoras e obsessoras.


A Allan Kardec, o ínclito Codificador do Espiritismo, coube a tarefa de aprofundar sondas e bisturis no organismo e na etiologia das alienações por obsessão, projetando luz, meridiana sobre a intricada enfermidade da alma. Kardec não somente estudou a problemática obsessiva, como também ofereceu medidas profiláticas e terapêutica salutar, firmado na informação dos Espíritos Superiores, na vivência com os obsidiados, como pela observação profunda e meticulosa com que elaborou verdadeiros tratados de Higiene Mental, que são as obras do Pentateuco Espírita, esse incomparável monólito de luz, que inaugurou era nova para a Ciência, para a Filosofia, tornando-se o Espiritismo a Religião do homem integral, da criatura ansiosa por religação com o seu Criador.


Diante de qualquer expressão em que se apresentem as alienações por obsessão ou em que se manifestem suas seqüelas, mergulhemos a mente e o coração no organismo da Doutrina Espírita, e, procurando auxiliar o paciente encarnado a desfazer-se do jugo constrangedor, não olvidemos o paciente desencarnado, igualmente infeliz, momentaneamente transformado em perseguidor ignorante, embora se dizendo consciente, mas sofrendo, de alguma forma, pungentes dores morais.


Concitemos o encarnado à reformulação de idéias e hábitos, à oração e ao serviço, porquanto, através do exercício da caridade, conseguirá, sensibilizar o temporário algoz, que o libertará, ou granjeará títulos de enobrecimento, armando-se de amor e equilíbrio para prosseguir em paz, jornada a fora.


... E em qualquer circunstância procuremos em Jesus, Mestre e Guia de todos nós, o amparo e a proteção, entregando-nos a Ele através da prece e da ação edificante, porque somente por meio do amor o homem será salvo, já que o amor é a alma da caridade.


Obsessões e obsidiados são as grandes chagas morais dos tumultuados dias da atualidade. Todavia, a Doutrina Espírita, trazendo de volta a mensagem do Senhor, em espírito e verdade, é o portal de luz por onde todos transitaremos no rumo da felicidade real que nos aguarda, quando desejemos alcançá-la.


(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão pública da noite do dia 13-11-1976, no Centro, Espírita “Caminho da Redenção”, em Salvador, Bahia).


Reformador – maio de 1977

OBSESSÃO E LOUCURA

Publicado por Marcio-geec em 11/8/2006

Caírbar Schutel

Sob o ponto de vista Espírita o desequilíbrio das funções cerebrais se traduz pelas duas palavras: Obsessão e Loucura.


Obsessão é o domínio que os maus Espíritos exercem sobre certas pessoas no intuito de submetê-las à sua vontade, pelo simples prazer de fazerem mal, ou exercerem uma vingança.


Loucura é um estado mórbido dos órgãos que se traduz as mais das vezes por uma lesão; é, portanto uma moléstia tísica em sua causa, ainda que seja mental na maior parte dos seus efeitos.


Na obsessão se distingue a sugestão, a fascinação e subjugação - como na loucura se verificam a monomania, a mania, a demência e a idiotismo.


A sugestão é o que chamamos obsessão simples; - o indivíduo conhece uma força estranha que sobre ele atua, procura livrar-se e se tem à força moral precisa para vencer o inimigo, dele se desembaraça com mais ou menos dificuldade.


A fascinação tem conseqüências muito mais graves: o Espírito conduz aquele a quem domina como quem conduz um cego e pode excitá-lo a proceder de modo ridículo, comprometedor e até perigoso.


A subjugação é uma pressão que paralisa a vontade daquele que a sofre, e o faz proceder contra a sua vontade. Acha-se verdadeiramente sob um jugo.


A subjugação pode ser moral ou corporal. No primeiro caso o subjugado é solicitado a tomar determinações absurdas e comprometedoras, que por uma espécie de ilusão julga sensatas: é uma espécie de fascinação em alto grau. No segundo caso o Espírito atua sobre os órgãos materiais e provoca movimentos involuntários.


É bastante se ter assistido uma sessão de Hipnotismo para compreender a cena que invisivelmente se desenrola ante nós e que deixamos desapercebida por não afetar os nossos sentidos materiais.


Assim também o cego de nascença negará a ação hipnótica exercida de um indivíduo a outro.


O hábito mata a sensação: o costume de ver loucos e de não buscar as causas que engendraram a loucura nos faz encarar por um outro prisma os desarranjos mentais que têm encerrado nos manicômios tantos infelizes.


Voltando ao hipnotismo é preciso lembrar que neste também se observa diversas fases ou estado: 1 ° Sugestão; 2° Fascinação; 3° Catalepsia; 4° Estado Sonambúlico; 5° Estado Letárgico; 6° Sonambulismo lúcido; 7° Extático.


A este último sucede o desdobramento da pessoa.


Quem hipnotiza não é o corpo e sim o indivíduo - o ser pensante - o Espírito. Claro está que sendo o homem imortal ele pode continuar a hipnotizar no estado invisível em que se acha, exercendo com mais facilidade o seu império, visto a sua invisibilidade - é o que chamamos obsessão.


Hipnotiza-se um indivíduo violentando-lhe à vontade, aniquilando-lhe a liberdade; é nisto que o hipnotismo se diferencia do magnetismo. A hipnotização de um para outro homem é uma obsessão intervivos


Hipnotizáveis são, mais ou menos, todas as pessoas e com mais forte razão aquelas que abdicam a liberdade - o livre arbítrio que por Deus lhe foi concedido obedecem cegamente os preconceitos e as imposições que lhes são sugeridas. Donde se pode concluir que é difícil hipnotizar um espírita verdadeiro: um homem que pensa, que raciocina, que discute, que analisa, que compreende, e sabe discernir o bom do mau - a verdade da falsidade.


O espírita médium não se deixa hipnotizar, e quando ele fica mediunizado é que se deixou magnetizar e não hipnotizar, palavras mui distintas e de significação mui diversa.


São raríssimos os casos de obsessão espírita e o testemunho desta verdade dá o grande alienista e neuro-patologista dr. Henrique Marselli - professor de clínica mental e nervosa na Universidade de Gênova, quando diz em seu livro:


"É meu dever declarar que deploráveis casos de nevrose "espírita" são muito raros; na minha carreira e entre milhares de doentes, apenas me recordo de quatro ou cinco. Todos os espíritas que melhor conheço me pareceram todos de um caráter equilibrado, duma inteligência cultivada e de uma excelente saúde"


Revista Internacional de Espiritismo – Outubro de 1984

COMO RECONHECER QUANDO ALGUÉM ESTÁ OBSEDIADO.

Quando alguém está sofrendo obsessão, há alterações de comportamento fisico, mental e emocional.

Qualquer pessoa com conhecimento doutrinário espírita e um pouco de treinamento no campo do atendimento fraterno, reconhece os sinais dessa alteração. (Percepção de fluidos ou a vidência são bons auxiliares na verificação do estado obsessivo, mas não são meios exclusivos nem infalíveis).

Na obsessão simples, os sinais revelados são tênues, insuficientes para detectar a influência maléfica, a não ser para quem conheça a pessoa no seu estado normal.

Quando a obsessão se acentua, os sinais de alteração começam a ficar evidentes, tais como:

• Olhar fixo, esgazeado ou fugidio, sem encarar ninguém;
• tiques e cacoetes nervosos;
• desalinho ou desleixo na aparência pessoal - excentricidade;
• agitação, inquietude, intranqüilidade;
• medo e desconfiança injustificados;
• apatia, sonolência, mente dispersa;
• idéias fixas;
• excessos no falar, no rir; mutismo ou tristeza;
• agressividade gratuita, difícil de conter;
• ataques que levam ao desmaio, rigidez, inconsciência, contorções, etc.;
• pranto incontrolável sem motivo;
• orgulho, vaidade, ambição ou sexualidade exacerbados.

Na Subjugação, quando a pessoa volta ao normal, após uma crise, geralmente se queixa do domínio sofrido e lamenta atos infelizes que praticou.

Na Fascinação, os demais notam a fantasia, o fanatismo, a fixidez, o absurdo das idéias, só a pessoa que não.

No Médium, destacaremos os seguintes sinais obsessivos: (item 243 de "O Livro dos Médiuns"):

1. Persistência de um Espírito em se comunicar, bem ou mau grado, pela escrita, audição, tiptologia, etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam.
2. Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações que recebe.
3. Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e, sob nomes respeitáveis, dizem coisas falsas e absurdas.
4. Confiança do Médium nos elogios que lhe dispensam os Espíritos que por ele se comunicam.
5. Disposição para se afastar das pessoas que podem emitir opniões aproveitáveis; tomar a mal a crítica das comunicações que recebe.
6. Necessidade incessante e inoportuna de escrever e dar comunicações.
7. Constrangimento qualquer dominando-lhe a vontade. Rumores e desordens ao seu redor, sendo ele de tudo a causa ou objetivo.


Obsessão

Existem obsessões que não têm senão a mesma origem: o obsessor, que poderá ser encarnado ou desencarnado, SUGESTIONA aquele a quem deseja mal, durante o sono natural ou provocado por ele próprio.
Impôe-lhe sua vontade e, ao despertar, o paciente obedece-lhe em tudo, sem forças para se furtar à tenebrosa teia. Tais obsessões são facilmente curáveis pelo Espiritismo, ou por um hábil magnetizador, que agirá com os mesmos processos, anulando a pressão do primeiro sobre o paciente.
Muitos crimes de várias naturezas, suicídio, embriaguez, etc., têm origem nesse fenônemo psíquico. E será bom que o homem, todos esses aspectos da sua própria vida, a fim de se furtar a tais possibilidades, pois, uma vida serena, voltada às coisas de Deus, a educação da mente e do caráter são barreiras que interceptam tais ações da parte de entidades inferiores. Os Espíritos superiores, todavia, só se servem desse poder, natural nos homens como nos Espíritos, para finalidades elevadas ou caritativas.


(Do livro Ressurreição e Vida - Ivone Pereira, pg 208)

OS INIMIGOS DESENCARNADOS

Não sendo a morte física o aniquilar da vida, é natural que todos aqueles Espíritos que se transferem de retorno para o mundo espiritual mantenham as características morais que lhes assinalavam a individualidade.
Recuperando a lucidez após o decesso celular, volvem à consciência as mensagens que foram armazenadas durante a trajetória orgânica, auxiliando-os na evocação de acontecimentos e feitos nos quais participaram.



Em algumas ocasiões não ocorre esse fenômeno em razão do estado de perturbação em que se encontram após o túmulo, mantendo fixações enfermiças e condutas infelizes.
Compreensivelmente, no primeiro caso, ressumam com mais facilidade as impressões vigorosas, aquelas que fortemente feriram ou dignificaram as emoções.
Nesse capítulo, os sentimentos de animosidade que tipificam os Espíritos inferiores ressurgem, levando-os aos processos de angústia e ressentimento, que procuram contornar mediante o desforço a que se propõem contra aqueles que os afligiram e que permanecem na viagem carnal.


É compreensível que não possuindo os tesouros morais de nobreza nem de elevação, deixam-se consumir pelo ódio, sendo levados às fontes geradoras do sofrimento que experimentam, no caso, as pessoas que se fizeram responsáveis pela sua desdita.
Surgem, nessa fase, as vinculações psíquicas com os antigos desafetos, aqueles que se tornaram motivo da sua aflição.
Reconhecendo a razão do sofrimento, sem, no entanto, entender as causas profundas, aquelas que dizem respeito à Justiça Divina, em face do desconhecimento da reencarnação e sua lei de Causa e Efeito, convertem-se em inclementes cobradores do que supõem ser dívidas para com eles contraídas.

Dispondo de mobilidade e fixando-se mentalmente ao adversário mediante a afinidade moral, inicia-se o doloroso processo de obsessão, que tanto se apresenta em forma de surto patológico, na área dos distúrbios psicológicos de conduta e de emoção, bem como em lenta e perversa inspiração doentia que termina por transformar-se em transtorno mais grave.


Quando não se encontram lúcidos, são igualmente atraídos, em razão da lei de sintonia existente entre devedor e cobrador, decorrente da convivência espiritual nas mesmas faixas de inferioridade em que se movimentam os encarnados e os desencarnados.
Não padece qualquer dúvida quanto à influência exercida pelos Espíritos na convivência com as criaturas humanas, especialmente com aquelas de natureza permissiva e vulgar, cruel e indiferente, em razão do estágio moral em que ainda se encontram.
Pululam em volta do planeta bilhões de seres espirituais em estágio primário de evolução, aguardando ensejo de renascimento carnal, tanto quanto de desencarnados em estado de penúria e de sofrimento que se transformam em parasitas dependentes de energias específicas, que exploram e usurpam dos seres humanos que se lhes assemelham.


Desse modo, aqueles que se sentem prejudicados de alguma forma, têm maior facilidade em imiscuir-se na economia mental e emocional daqueles que consideram seus adversários pelos prejuízos que lhes teriam causado, perseguindo-os de maneira consciente ou não.
Os inimigos desencarnados constituem fator de desequilíbrio na sociedade terrestre que deve ser levado em conta pelos estudiosos do comportamento e das diretrizes sociológicas.
*
O mundo espiritual é preexistente ao físico, real e fundamental de onde vêm as populações humanas e para onde retornam mediante o veículo da desencarnação.
O objetivo essencial da desencarnação é propiciar o desenvolvimento intelecto-moral do Espírito na sua trajetória evolutiva.
Possuindo o psiquismo divino embrionário, em cada etapa do processo de crescimento desdobram-se-lhes faculdades e funções adormecidas que se agigantarão através dos evos, até que seja alcançada a plenitude.


Não obstante, os atavismos que remanescem como tendências para repetir os gravames e os equívocos a que se acostumaram, exercem maior predominância em a natureza de todos, embora o Deotropismo que o atrai na direção fecunda e original da sua causalidade.
A escolha de conduta define-lhe o rumo de ascensão ou de queda, a fim de permanecer no obscurantismo em relação à verdade ou no esforço dignificante da auto-iluminação.
Quando se esforça pelo bem proceder, prosseguindo na vivência das regras da moral e do bem, libertando-se dos grilhões dos vícios, mais facilmente alcança os níveis elevados de harmonia interior e os planos espirituais de felicidade, onde passa a habitar. Todavia, quando se compromete na ação do mal, é induzido a reescrever as páginas aflitivas que ficaram na retaguarda, resgatando os delitos praticados através do sofrimento ou mediante as ações de benemerência que o dignificam.


Em razão da comodidade moral e da preguiça mental, situa-se, não raro, na incerteza, na indiferença em relação ao engrandecimento ou comprazendo-se nas sensações nefastas, quando poderia eleger as emoções superiores para auxiliar-se e para socorrer aqueles a quem haja prejudicado, reparando os males que foram gerados mediante os contributos de amor educativo oferecidos.
Os inimigos desencarnados, desse modo, vinculam-se aos seres humanos atraídos pelas afinidades morais, pelos sentimentos do mesmo teor, pelas condutas extravagantes que se permitem.
*
Nunca desperdices a oportunidade de ser aquele que cede em contendas inúteis quão perniciosas;
de perder, no campeonato da insensatez, a fim de ganhar em paz interior;


de servir com devotamento, embora outros sirvam-se, explorando a bondade do seu próximo;
de oferecer compreensão e compaixão em todas e quaisquer circunstâncias que se te deparem;
de edificar o bem onde te encontres, na alegria ou na tristeza, na abundância ou na escassez;
de oferecer esperança, mesmo quando reinem o pessimismo e a crueldade levando ao desânimo e à indiferença;
de ser aquele que ama, apesar das circunstâncias perversas;
de silenciar o mal, a fim de referir-te àquilo que contribua em favor da fraternidade;
de perdoar, mesmo aquilo e aquele que, aparentemente não mereçam perdão;

de ensinar corretamente embora predominem a prepotência, e por essa razão mesmo...
Nunca te canses de confiar em Deus, seja qual for a situação em que te encontres.
Vestindo a couraça da fé e esgrimindo os equipamentos do amor, os teus inimigos desencarnados não encontrarão campo emocional nem vibratório em ti para instalar as suas matrizes obsessivas, permitindo-te seguir em paz, cantando a alegria de viver e iniciando a Era Nova de felicidade na Terra.
Joanna de Ângelis

Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco,
na sessão mediúnica da noite de 28 de fevereiro de 2005, no
Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 04.02.2008.

EM TORNO DA OBSESSÃO

Autor:
Marcos Paulo de Oliveira Santos

“Cada célula é um pequeno ser sensitivo.” - Deepak Chopra.

“Estai de sobreaviso, vigiai e orai; porque não sabeis quando será o tempo.” - Jesus.


Uma psicosfera pestífera grassa em torno do orbe terreno, contaminando sobejamente os incautos das leis divinas, nada obstante os esforços hercúleos dos benfeitores da Humanidade em favor do progresso ético-moral e científico-tecnológico.
A conduta reprochável do ser humano ao largo da história o conduz a um labirinto de lágrimas e sofrimentos. A violência, a sexolatria, a drogadição, a corrupção, o hedonismo... um séquito de hediondos facínoras morais retêm o espírito imortal no mundo sombrio. E como conseqüências surgem os graves problemas obsessivos.

Configura-se a obsessão nas lúcidas palavras de Suelly Caldas Schubert “toda vez que alguém, encarnado ou desencarnado, exercer sobre outrem constrição mental negativa - por um motivo qualquer - através de simples sugestão, indução ou coação, com o objetivo de domínio - processo esse que se repete continuamente, na Terra ou no Plano Espiritual inferior.”
Ainda sob a égide dessa magnífica autora, elenca-se a obsessão da seguinte maneira:

1. Encarnado para encarnado
É comum esse tipo de obsessão, haja vista a instabilidade emocional e psicológica dos seres humanos.
Normalmente, constitui uma obsessão sub-reptícia e a pessoa que sofre a ação sente-se muitas vezes protegida. Mas não percebe que “esse amor se torna tiranizante, demasiadamente possessivo, tolhendo e sufocando a liberdade do outro”. Ocorre sobejamente no cadinho doméstico na figura do marido que vive cerceando a esposa; ou esta que impõe seus caprichos ao companheiro; os pais, inseguros, que governam os filhos e impedem-lhes quaisquer iniciativas; é o amigo que pela sua força mental, seu poder de persuasão consegue dominar a vontade do outro.


2. Desencarnado para desencarnado


Ao adentrarmos a vida nova, após o desencarne, levaremos conosco todas as nossas idiossincrasias. Se positivas, essas virtudes concorrerão em nosso favor ensejando-nos companhias agradáveis de espíritos nobres. Mas, se negativas, teremos dificuldades em alçar vôos mais altos e atrairemos para junto de nós os espíritos que se coadunam com os nossos vícios, com as nossas fixações mentais negativas.
“Os homens são os mesmos: carregam os seus vícios e paixões, as suas conquistas e experiências onde quer que estejam”.
Devido aos nossos desajustes morais e psíquicos e, se descuramos da reforma íntima e da prece como um recurso de proteção e paz, podemos sofrer no além-túmulo o jugo dos obsessores que só podem nos atingir devido aos nossos desajustes, notadamente devido a fraqueza mental.
Esses asseclas do mal são capazes de criar regiões astrais de baixíssimo padrão vibratório para as suas vinganças e perseguições cruéis a outros espíritos desavisados ou a encarnados que se mergulham em vícios materiais e morais.


3. De encarnado para desencarnado


Trata-se de um tipo muito comum de obsessão, mormente devido ao despreparo de muitos de nós diante do desencarne. Quando um ente querido adentra o mundo dos espíritos, nós que ainda estamos na matéria densa nos revoltamos contra o Criador, somos tomados por sentimentos de dor, remorso entre outros. E essas matérias mentais negativas acabam por atormentar aqueles que já partiram. Muitas vezes eles entram em desequilíbrio devido ao nosso “amor” egoísta e possessivo. Ficamos inconformados e desesperados.


Toda essa onda mental atinge aqueles que partiram antes de nós e muitas vezes eles sentem-se também desesperados por se verem incapazes de dizer que a vida continua, que estão bem e que torcem para a nossa vitória moral.
Suely Caldas Schubert destaca também que a insatisfação dos herdeiros com a partilha dos bens determinada pelo morto faz com que o rancor, a raiva, a revolta e vários outros sentimentos negativos atinjam-no. E ele nada pode fazer a não ser lamentar as lutas ferozes por mais bens materiais daqueles que ficaram na matéria.


4. De desencarnado para encarnado


Muitos espíritos que desconhecem sua situação de desencarnados acabam, sem o quererem, por influenciar os que estão encarnados. Mas há a situação de perseguição e de vingança conscientes.
Os desencarnados têm vantagem por não serem vistos facilmente, não estarem na matéria e, outrossim, saberem das nossas imperfeições morais que muitas vezes ocultamos para os encarnados, mas que são impossíveis de serem ocultadas para a multidão de espíritos que nos cercam. É por esta razão que eles sabem as nossas fraquezas morais a agem sobre elas, para verem a nossa queda.


É o álcool, a droga, o sexo, algumas doenças psíquicas, a indução ao suicídio e tantas outras atuações que muitas vezes não percebemos e julgamos serem os nossos pensamentos.


5. Obsessão recíproca


“Essa característica de reciprocidade transforma-se em verdadeira simbiose, quando dois seres passam a viver em regime de comunhão de pensamentos e vibrações. Isto ocorre até mesmo entre os encarnados que se unem através do amor desequilibrado, mantendo um relacionamento enervante.”
Trata-se de uma simbiose. Obsessor-vítima estão jungidos. Necessitam-se, porque criaram liames desarmônicos. O conúbio infeliz oriundo da força mental negativa ou de comportamentos infelizes prossegue não somente no campo físico. Mas, também, no momento do sono físico, quando o espírito liberto da matéria densa continua a agir do mesmo modo.


6. A AUTO-OBSESSÃO


É um tipo de obsessão muito comum na sociedade hodierna. São pessoas que criam doenças fantasmas. Cuidam excessivamente do corpo, vivem para o culto da forma, enveredam-se pelo mundo da vigorexia, anorexia, bulimia, utilizam substâncias anabólicas entre outros meios. Ou ainda, descuidam do veículo carnal, afirmam que o importante é o espírito e que, por isso mesmo, devem imolar o corpo. Criam doenças fantasmas que nenhum esculápio consegue solucionar. “Sofrem por antecipação situações que jamais chegarão a se realizar, flagelando-se com o ciúme, a inveja, o egoísmo, o orgulho, o despotismo e transformam-se em (...) vítimas de si próprios.”


COMO TRATAR A OBSESSÃO?


- APRENDER A ORAR: formular preces com sentimento, com fé! Realizar, ao menos uma vez por semana, o culto do evangelho no lar.


- REFORMA INTERIOR: criar meios de sair dos vícios, esforçar-se, trabalhar em prol de si mesmo e do semelhante com a certeza de dias melhores. A reforma moral é uma tarefa não só da pessoa que passa por um processo obsessivo, mas para todos nós, espíritas ou não. A caridade é a melhor terapia. E devemos envidar todos os esforços para nos melhorarmos e seguirmos as pegadas do mestre de Nazaré.


- A FORÇA DE VONTADE E A AÇÃO MENTAL: alargam-se os estudos no campo da neurociência sobre o poder mental, particularmente a vontade interior do ser humano. A vontade de melhorar-se, que é filha da mente disciplinada no bem, faz com que o indivíduo mobilize as células espirituais e materiais para melhor e crie recursos que (conforme a vontade de Deus) farão com que a cura se estabeleça ou não. Não era sem sentido que Jesus sabiamente asseverava: “Tua fé o curou!”.


“Pelo pensamento desceremos aos abismos ou chegaremos às estrelas. Pelo pensamento nós nos tornamos escravos ou nos libertamos.”
- ESCLARECIMENTO DO OBSIDIADO: o obsidiado de hoje é o algoz do passado. Deste modo, ele necessita entender que a sua situação é um reflexo de um passado e também de suas atitudes do presente. Deste modo, torna-se imprescindível alertá-lo sobre a sua participação no processo de libertação. Ele será o protagonista desse processo. Oferecer-lhe esperança de dias melhores, apresenta-lhe uma proposta de alegria de viver e, paulatinamente, mostrar-lhe que por meio da reforma interior, pela mudança comportamental, ele logrará êxito.

- A FLUIDOTERAPIA: realizada nas casas espíritas, a fluidoterapia é uma ferramenta importantíssima nesse processo. Como o próprio nome indica é a terapia por meio do fluido. E o maior e mais relevante fluido de qualquer ser humano é o amor. O médium passista no momento em que realiza o passe está com o amparo e a proteção dos mentores espirituais, para a eficaz doação do amor. E “o amor cobre a multidão de pecados”, o amor transforma para o bem, o amor enseja a paz.


- A FAMÍLIA: faz-se mister a participação familiar no processo de reequilíbrio do indivíduo que sofre obsessão. Devem-se eliminar as brigas, desavenças no lar; realizar o culto do evangelho no lar; participar de atividades assistenciais; buscar a reforma interior; criar hábitos edificantes, salutares.

PARA SABER MAIS:

- Leia as obras de Manoel Philomeno de Miranda (espírito), psicografadas pelo médium Divaldo Pereira Franco. Tratam-se de obras notáveis e que muito nos esclarecem acerca da obsessão.

- O livro Obsessão/Desobsessão - Profilaxia e Terapêutica Espíritas, de Suely Caldas Schubert, também apresenta-nos importantes conhecimentos acerca da temática.

- Toda a série Nosso Lar, do espírito André Luiz é de conteúdo ímpar. Notadamente a obra Libertação trata de maneira interessante sobre os processos obsessivos.

- A obra notável A obsessão: instalação e cura. Organizada por Adilton Pugliese, baseada nas obras de Manoel Philomeno de Miranda.

ESPÍRITO, PERISPÍRITO E DESOBSESSÃO

Escrito por Ney Pietro Peres


Possessão demoníaca, exorcismo, obsessão... Ao longo do tempo, vem sendo propagada a idéia errônea de que a violência é necessária para "expulsarmos" um espírito obsessor.

Hoje, sabemos que só a terapia do amor é capaz de realizar de forma profunda a desobsessão.


Para fundamentar o nosso estudo, vamos analisar os concei¬tos de espírito e de matéria inseridos no pensamento do codificador Allan Kardec.



ESPÍRITO


O espírito, originado do princípio inteligente do universo, embora de natureza não palpável, é algo que existe como individualização desse princípio. É incorpóreo e não pode ser percebido pelos nossos sentidos. Pode existir independen¬temente do corpo que anima e, na sua forma, seria comparado a uma chama, um clarão, uma centelha luminosa, cuja cor pode variar do escuro ao brilho do rubi. Pode penetrar e atravessar a matéria e se deslocar ao espaço tão rapidamente como o pensamento. Mesmo não se dividindo, se irradia para diferentes la¬dos, como o sol envia seus raios a muitos lugares distantes ,pare¬cendo estar neles simultaneamente.
Entende-se por alma o espírito encarnado, que, não estando enclausurado no corpo, se irradia e se manifesta, se exteriorizando como a luz elétrica através de um globo de vi¬dro.


MATÉRIA


A matéria é o segundo elemento geral do universo, tanto como o espírito, é também criado por Deus, constituindo, esses três, o princípio de tudo que existe, a Trindade Universal: Deus, espí¬rito e matéria.


A matéria pode ser entendida como aquilo que tem exten¬são, é impenetrável e pode impressionar os nossos sentidos, mas ela existe em outros estados desconhecidos, tão etérea e sutil que não produza nenhuma impressão aos sentidos físicos.


Ao elemento material deve-se acrescentar uma de suas for¬mas de apresentação, entre as inumeráveis combinações distingüidas por propriedades especiais: o Fluido Universal, que exerce o papel de intermediário entre o espírito e a matéria.


FLUIDO UNIVERSAL

Este Fluido Universal, ou Primitivo, ou Elementar, é o prin¬cípio da matéria ponderável cujos elementos e compostos quí¬micos são transformações dele, nas modificações que as molé¬culas elementares sofreram ao unirem-se em determinadas cir¬cunstâncias, lhes dando diferentes propriedades, como o sa¬bor, o odor, as cores, as ações cáusticas, salutares, nutritivas, radioativas etc.

O Fluido Universal é suscetível de inúmeras combinações com a matéria e, ainda, sob a ação do espírito, produzir infinita va¬riedade de coisas. E o agente de que o espírito se serve para animar, agregar, transmitir, alterar, condensar, dispersar, mate¬rializar, vitalizar, dar forma e estrutura a todas as constituições físicas, quer sejam minerais, vegetais, animais ou humanas.

Entre as muitas modificações do Fluido Universal, duas se revestem de maior importância para os seres vivos: o Princípio Vital e o Perispírito.



PRINCÍPIO VITAL


O Princípio Vital é a força motriz dos corpos orgânicos. A sua união com a matéria a animaliza, diferenciando-a dos corpos inorgânicos. Ele dá vida a todos os seres que o absorvem e assi¬milam. É também chamado fluido magnético ou fluido elétrico animalizado, é o intermediário entre o espírito e a matéria. Ao mesmo tempo que impulsiona os órgãos, a ação destes o man¬tém, conserva e desenvolve, como o atrito produz o calor e a cor¬rente elétrica produz o campo magnético ou a irradiação lumi¬nosa.


O Princípio Vital ou fluido magnético pode ser transmitido pela vontade dirigida do seu portador a outros seres vivos, contri¬buindo em favor do seu reabastecimento ou reequilíbrio orgânico.



PERISPÍRITO


O Perispírito, ou corpo fluídico do espírito, ou ainda psicossoma, ou corpo espiritual, é um dos produtos mais im¬portantes do Fluido Universal, é uma condensação dele em tor¬no de um foco de inteligência ou espírito.

Os espíritos compõem seu Perispírito do ambiente onde se encontram. Isto quer dizer que se forma dos fluidos ambientais e, portanto, varia em conformidade com o mundo em que vivem. A natureza do Perispírito está sempre relacionado com o grau de adiantamento moral do espírito.


O Perispírito pode ser entendido como a vestimenta do espí¬rito, o que lhe dá propriamente forma.
Entre as muitas atribuições do Perispírito, se coloca aquela de intermediário entre o espírito e o corpo. É ele constituído de substância vaporosa, não visível aos olhos humanos, porém as¬sumindo consistência nos planos do Espírito.




Ao Perispírito se pode atribuir a qualidade de estruturador do corpo orgânico, a partir da fecundação, na embriogênese, bem como estar diretamente relacionado à memória biológica, isto é, o registro das múltiplas experiências nos campos dos se¬res vivos, no decurso dos milênios, a partir das primeiras mani¬festações das formações protoplásmicas. Nele aglutinamos todo o equipamento de recursos automáticos que governam as bi¬lhões de células, adquiridos vagarosamente pelo ser através dos tempos, nos esforços de recapitulação pelos diversos setores da evolução anímica.


Pode-se visualizar o Perispírito ou Corpo Espiritual à se¬melhança de uma estrutura eletromagnética integrada, enriquecida de informações que se foram acumulando experi¬mentalmente num mecanismo de estímulo-resposta, dentro de uma diretriz evolutiva, ou seja, de auto-seleção e auto-aprimo¬ramento, conduzida por um principio de conservação de ener¬gia, onde o máximo de informações são armazenadas com o mínimo dispêndio de energia.


Esse Corpo Espiritual vem se diversificando e aumentando de complexidade do mesmo modo como se observou nos seres vivos a evolução biológica e a formação dos aparelhos e siste¬mas no organismo animal. É ele sensível aos impulsos ou às irradiações dos nossos pensamentos, refletindo as imagens fluídicas plasmadas pelas idéias.


Pode também o Perispírito se alterar no seu equilíbrio mag¬nético em decorrência das próprias impregnações que as nos¬sas imagens perniciosas e deteriorantes nele se projetem e se gravem. Interligado como se acha, interagindo na intimidade celular por contato molecular, portanto, nas estruturas atômi¬cas da matéria, tais desequilíbrios se transmitem ao organismo físico, nas áreas mais sensíveis ao tipo de impulso desencadea¬do, determinando desordens físicas, causas de certas moléstias.


Assim, os descontroles emocionais, nos ódios, na irritação, as extravagâncias no comer e no beber, a maledicência, os desequilíbrios do sexo, o fumo, o álcool, os tóxicos, podem ge¬rar enfermidades, tais como, respectivamente: cardiopatias, do¬enças hepáticas, gastralgias, surdez e mudez, cansaço precoce e distrofias musculares, asmas e bronquites, loucura, idiotia.


AÇÕES MAGNÉTICAS NO PERISPÍRITO: NAS OBSESSÕES


Entende-se por obsessão o domínio que alguns es¬píritos podem adquirir sobre certas pessoas. Pressupõe-se na obsessão a ação de espíritos inferiores com tal tenacidade que a pessoa sobre quem atua não consegue se desembaraçar.


Na obsessão, não ocorre a simultânea coabitação de corpos pelo espírito encarnado na posição de vítima e pelo espírito desencarnado na posição de algoz. Há, no entanto, o efeito de constrangimento de um sobre o outro, ou seja, de tolher, forçar, compelir, obrigar pela força, induzir.



OS TIPOS DE OBSESSÃO

As principais variedades da obsessão classifi¬cam-se em:

obsessão simples,
fascinação
e subjugação.


NA OBSESSÃO SIMPLES, o espírito malfazejo se impõe, in¬trometendo-se contra a vontade do indivíduo, impedindo a ação de outros espíritos que possam vir em seu auxílio e causando-lhe inconvenientes como embaraço nas comuni¬cações mediúnicas, insinuações levianas, incentivos à vaida¬de e a desejos ilícitos. Evidentemente, essas ações exteriores serão mais acentuadas e exercerão maior influência na medi¬da em que mais apoio encontrarem no íntimo das criaturas por elas atingidas.


NA FASCINAÇÃO, a ação do espírito no pensamento do indivíduo é de tal ordem que ele não se considera iludido, nem é ca¬paz de compreender o absurdo do que faz, podendo até ser ar¬rastado a cometer ações ridículas, comprometedoras ou perigo¬sas. Admite-se, nesses casos, estarem agindo espíritos inteli¬gentes, ardilosos e com objetivos de maior alcance no mal, pois quase sempre utilizam a tática de afastar do seu intérprete aque¬les que possam abrir os seus olhos ou esclarecer sobre seus er¬ros. Os homens mais instruídos e inteligentes não estão livres desse tipo de obsessão.


A SUBJUGAÇÃO é um envolvimento que produz a paralisa¬ção da vontade da vítima, fazendo-a agir mesmo contrariamente ao seu desejo. A subjugação pode ser moral ou corpórea. Na primeira, o indivíduo é levado a tomar deci¬sões freqüentemente absurdas e comprometedoras. Na segun¬da, a pessoa realiza movimentos involuntários, nos momen¬tos inoportunos, e até atos ridículos. Na subjugação, estão compreendidos os casos de possessão, cuja denominação pres¬supõe a ocupação do corpo da vítima, fato esse não admitido pelo Codificador.



CARACTERÍSTICAS


Há uma relação de características pelas quais se pode reconhecer os casos de obsessão. Tais caracteres vão da insistência dos espíritos em se comunicar, ilusão do médium que não reconhece a falsi¬dade das comunicações, crença na infalibilidade dos espíritos comunicantes, aceitação dos elogios feitos pelos espíritos, rea¬ções agressivas às críticas feitas sobre as comunicações recebi¬das, a quaisquer formas de constrangimento moral ou físico, ou ainda ocorrências de ruídos e movimentos de objetos sem cau¬sas normalmente explicáveis.


CAUSAS


Os motivos ou causas da obsessão podem ser geral¬mente admitidos como originados de:


a) Vinganças de espíritos contra pessoas que lhes fizeram so¬frer nessa ou em vidas anteriores;

b) Desejo simples de fazer outros sofrerem, por ódio, inveja, covardia;

c) Para usufruir dos mesmos condicionamentos que tinham quando na vida física, induzem os seus afins a cometê-los;


d) Apego às pessoas pelas quais nutriam grandes paixões quan¬do em vida;


e) Por interesse em destruir, desunir, dominar, provocar o mal, manter distúrbios, partindo de inteligentes espíritos das hostes inferiores.




A TERAPÊUTICA NAS OBSESSÕES


No estudo de O Livro dos Médiuns, Cap. XXIII, o autor indica alguns meios para se combater a obsessão, aqui apresentados para discussão, como segue:

–“Paciência para com os obsessores”(id., ib. item 249):

No trato com as entidades incorpóreas que estejam agindo mentalmente sobre as criaturas, há que compreender-lhes seus motivos de perseguição e, com espírito humanitário, induzir-lhe pacientemente a mudarem suas disposições. Mesmo entre criaturas humanas, uma abordagem respeitosa e compreensiva transmite sempre um envolvimento fraterno e uma radiação de amor que, certamente, age sobre as próprias estruturas perispirituais, de forma confortadora, carinhosa, estabelecendo importantes apoios para as necessárias mudanças comportamentais.

A severidade, no entanto, ao lado da benevolência, ali¬adas à prece em favor deles, constituem fatores eficazes na so¬lução dessas influências.

– “Apelo ao anjo bom e aos bons espíritos” (id., ib. item 249):

Recorrer à assessoria daqueles que operam no mesmo plano da vida espiritual é fator preponderante em qualquer trabalho dessa natureza quando, na maioria das vezes, todo o encami¬nhamento e aproximação com aqueles perseguidores (às vezes, nossas vítimas) realizam-se nos territórios do imponderável, livre ao acesso desses auxiliares espirituais.


– “Interrupção das comunicações escritas”(id., ib. item 249):

Alterando-se o intermediário, na posição de instrumento mediúnico nas comunicações psicografadas, ou mesmo na psicofonia, por ações de mentes perturbadoras (encarnadas ou desencarnadas), a interferir no fluxo das mensagens transmiti¬das por meios telepáticos, como providência criteriosa e pru¬dente, A INTERRUPÇÃO PROVISÓRIA DESSES EXERCÍCIOS MEDIÚNICOS É DE TODO ACONSELHÁVEL, até que se restabeleçam os canais de va¬zão telepática com os bons espíritos e se afastem as infiltrações prejudiciais.


– “Intervenção de um colaborador que atue pelo magnetismo ou pelo império da vontade”(id. ib., item 251):


A ação mental de apoio diretamente sobre o paciente, esti¬mulando-lhe os próprios recursos de reação, tanto pela aplica¬ção das energias fluido-dinâmicas nos mecanismos do passe, como pelo esclarecimento renovador, ELEVANDO-LHE O PADRÃO DOS PRÓPRIOS PENSAMENTOS E FORTALECENDO A VONTADE NO BEM, ATIN¬GE AS ESTRUTURAS PERISPIRITUAIS E OS CAMPOS DE RADIAÇÕES DA PSICOSFERA (OU MENTE) MOMENTANEAMENTE DESARTICULADOS, DEVOL¬VENDO-LHES A ORDEM E A SANIDADE.


Os resultados benéficos obtidos serão tanto mais significati¬vos quanto maior for a superioridade moral dos colaboradores e menores as imperfeições do obsediado. Essas imperfeições morais constituem freqüentemente para o paciente obstáculos à sua libertação (id. ib., item 252).


Ensina-nos André Luiz: “... almas regularmente evoluídas, em apreciáveis con¬dições vibratórias pela sincera devoção ao bem, com esquecimento dos seus próprios desejos, podem, desse modo, projetar raios mentais, em vias de sublimação, assimilando correntes superio¬res e enriquecendo os raios vitais de que são dínamos comuns”.



Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 08.
Ao reproduzir o texto, favor citar o autor e a fonte.

Eutanásia: um tema sempre presente

Neste final de semana fomos surpreendidos pela veiculação, na imprensa material e virtual, de

um fato ocorrido na França: a mãe de Vicent Humbert, tetraplégico, cego e mudo, desafiou a lei

vigente e provocou a morte do próprio filho. Em resumo, o francês, que tinha ficado inválido após

um acidente de carro ocorrido em 2000, há três anos suplicava para que fossem ignoradas as

leis que proíbem a eutanásia no país, morreu dois dias depois de ter recebido uma overdose de

sedativos injetados pela própria mãe.
Clinicamente, a eutanásia (cuja origem, grega, denota "morte apropriada" ou "boa morte") foi

proposta pela vez primeira em 1623, por Francis Bacon, como o "tratamento adequado às

doenças [ditas] incuráveis". A eutanásia consiste, então, na abreviação da vida (humana ou

animal), em razão da impossibilidade de vencer as doenças, antevendo a total impotência em

conferir, ao paciente, uma vida digna e saudável. Somente no estado americano do Oregon sua

prática é autorizada pela legislação, podendo o médico prescrever drogas legais para determinar

o fim da vida do paciente, uma espécie de "suicídio assistido", embora, legal e doutrinariamente,

no Brasil, haja diferenças na tipificação criminal a eutanásia é o ato de causar deliberadamente ?

ação direta ? a morte de um paciente, enquanto a assistência ao suicídio é a prestação de
qualquer auxílio material para que a própria pessoa se mate. Ambas são condutas antijurídicas

em nosso país. Recentemente, a Holanda e a Bélgica aprovaram a prática, disciplinando as

formas de sua execução autorizada. O Código de Ética Médica (Resolução do Conselho Federal

de Medicina, n.1.246/88), por exemplo, pontua: "O médico deve guardar absoluto respeito pela

vida humana, atuando sempre em benefício do paciente. Jamais utilizará seus conhecimentos

para gerar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano, ou para permitir e

acobertar tentativa contra sua dignidade e integridade" (Art. 6º, grifos nossos). E,
seqüencialmente, é-lhe vedado "Fornecer meio, instrumento, substância, conhecimentos ou

participar, de qualquer maneira, na execução de pena de morte" (Art. 54). Assim, para a lei

nacional (Código Penal ? Decreto-Lei n. 2.848/40, art. 121, § 1º c/c art. 56, III, "a"), a eutanásia é

crime de homicídio privilegiado (piedoso), motivado por relevante valor moral, objetivando eliminar

o sofrimento (dor) ou abreviar a agonia (angústia) daquele que não tem nenhuma chance de

sobrevivência, por ser portador de moléstia incurável, ministrando-lhe uma morte rápida, "doce",

ou "serena".
Do ponto de vista jurídico-social, então, aquela mãe que sofre com o sofrimento do filho

(sem nenhuma redundância), acha-se suficientemente impelida a agir com a necessária e

relevante motivação de que fala a lei, em razão do apreço, estima e importância que dá à

condição de dignidade da vida de seu filho, que, no seu entender, não se acha plenamente

satisfeita. Efetivamente, na prática, os governos e os órgãos jurisdicionais agem com tolerância

em relação à maioria dos casos verificados. A interpretação dos juristas vem ao encontro do

axioma de que "está-se fazendo o melhor por um doente em estado terminal, aquele ao qual a

ciência esgotou todos os recursos, sem conseguir recuperá-lo, devolvendo-lhe a plenitude da

saúde". Embora não se tenha um "roteiro" para a prática da eutanásia ? até em virtude de sua

ilegalidade, na imensa maioria dos países ? há um procedimento técnico para garantir a isenção

do profissional médico (ou, até mesmo, do leigo que a venha praticar ? como é o caso do fato

trazido a comento). O paciente ? ou o seu responsável direto assina um termo (declaração

autorizativa), ou, se impossibilitado a assinar, declara o mesmo às pessoas mais próximas, que o

reduzem a termo. Em regra, o paciente tem que estar acordado e consciente; tem tempo para

despedir-se da família, e praticar os "atos de última vontade"; é-lhe aplicada uma (over)dose de

medicamentos, de modo intravenoso, resultando-lhe um adormecimento, não sendo a morte

imediata. O profissional médico permanece ao lado do paciente até o instante definitivo da morte.
No aspecto espiritual, em decorrência da interpretação da filosofia espírita, há completa

desaprovação à prática da eutanásia, porque se consideram: 1) a intervenção (indevida) de

alguém em relação à vida ? bem espiritual pleno, que somente Deus pode "abreviar" ? importa
infração às leis divinas por parte daquele que executa o ato ou concorre para o mesmo;

2) a desistência, do paciente, em continuar vivendo significa renúncia às provas/expiações a

que acha-se sujeito (interrupção da depuração espiritual), implicando numa forma de suicídio;

3) Além do interesse em "minorar" o sofrimento alheio, visa-se, também, "diminuir" o sofrimento

próprio ? no caso de parentes da vítima, que não desejam mais "ver" a angústia e a dor de seu

ente querido, representando, assim, motivo egoístico. (Vide quesitos 953, "a" e "b", de O livro dos

espíritos.) Ampliando um pouco mais o espectro de nossa análise, podemos dizer que a

eutanásia, embora configure delito espiritual, pelos motivos retro-expostos, deve merecer de nós

uma maior atenção, no sentido da não-censura, de nossa parte, a quem tenha decidido assim agir.

O grau de "perturbação" e de "necessidade" de alguém que opta por tal decisum não merece de

nossa parte qualquer tipo de julgamento ou censura. Cada um de nós é julgado pela lei da

consciência e os instrumentos espirituais de reparação de (possíveis) erros, atingem

inexoravelmente a todos e representam, na práxis, a realização da lei de causa e efeito, embora

não na errônea percepção de que "aquilo que provocamos" terá como refluxo "a mesma

circunstância, ou resultado, a nós imposta". Numa palavra, aquele que pratica a eutanásia

(ou o suicídio, ou o homicídio, ou a agressão) não terá de, necessariamente, pela via do resgate,

"penar", sofrendo em si a eutanásia, o homicídio, as agressões... A "Contabilidade Divina" permite

e instrumentaliza, meritoriamente, a substituição (permuta) do mal pelo bem, sendo os erros ou

crimes por nós cometidos reparados em termos de construção, de realização, de trabalho e

resignação, sempre positivamente. No aspecto psicológico, por fim, vale uma importante

consideração. Se não temos o "direito" de apontar o dedo ao companheiro que tenha praticado

a eutanásia ? como no caso noticiado pela imprensa, que já recebe, inclusive, inúmeras

manifestações de solidariedade, piedade e apoio, pelo mundo afora ? igualmente temos de nos

preparar adequadamente ante a possibilidade de virmos a presenciar e conviver com doentes

terminais, no núcleo de nossas relações, aos quais a medicina convencional não antevê

melhoras ou saídas, porque, em verdade, amanhã ou depois, poderemos vir a presenciar o

sofrimento e a agonia dos nossos mais caros, no exato cumprimento de suas oportunidades /

experiências. Ante o desespero que possa nos dominar, guardemos o preparo (vigiai) e a

serenidade (orai), para a conveniente e necessária conscientização de nossos espíritos,

evitando o cometimento de atos que venham prejudicar àqueles a quem dirigirmos a prática

da eutanásia, e a nós mesmos, em virtude de nossa incapacidade de lidar com nossos

sentimentos. E, que, neste sentido, nosso esforço de entendimento e prática espirituais possa

ser secundado pelo apoio dos Bons Espíritos.

Marcelo Henrique Pereira *
* Delegado da CEPA para a Grande Florianópolis.
Diretor Administrativo da Associação Brasileira de Divulgadores do
Espiritismo.

Entrevista Divaldo P. Franco (Eutanásia, células tronco, tsunami)

Entrevista Divaldo

Maringá–05.04.05



Entrevista concedida por Divaldo Pereira Franco, para o programa “O Espiritismo Responde”, apresentadora Ivone Schuchuli, da cidade de Maringá, em 05 de abril de 2005.



Programa O Espiritismo Responde: Recentemente a opinião pública esteve dividida em uma situação envolvendo a eutanásia. A principal justificativa é evitar o sofrimento da pessoa e até evitar gastos para a família. Qual é a posição espírita?

Divaldo: A posição espírita encontra-se definida no Evangelho Segundo o Espiritismo, bem como em O Livro dos Espíritos , ambos de autoria de Allan Kardec. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo foi interrogado ao Espírito São Luís: “É licito abreviar a vida de alguém que se encontra em padecimentos terminais?” Ele foi peremptório : “De maneira nenhuma, porquanto esses momentos terminais são de alto significado para o Espírito porque pode mesmo arrepender-se de equívocos do passado, completar o período de vida que lhe falta para encontrar a plenitude. E também, ainda neste capitulo, o Espírito Protetor volta ao tema, quando a questão da eutanásia ainda não se encontrava, pelo menos, com este alcance da atualidade. Em outra oportunidade o Espírito Santo Agostinho analisando o Mal e o Remédio, estabelece também quanto à necessidade de preservar a vida. Partindo-se do ponto de vista científico, a função da medicina não é evitar a morte. Segundo os melhores especialista, é prolongar a vida. Logo, se a tecnologia médica dispõe de recursos para prolongar a vida, por que restringi-la? Ora por piedade, ora por processo de natureza socioeconômica, naturalmente o prolongamento de um paciente em máquinas, particularmente nas grandes metrópoles, é muito caro. Mas se o indivíduo não tem recursos é uma justificativa para que ele deixe de contribuir, mas não para que lhe solicitem a eutanásia. Cabe aos hospitais públicos darem prosseguimento a esse mister. No caso em que dividiu a opinião pública na atualidade em todo o mundo, o de TerrySkiavo, nota-se uma frieza muito grande, quando a Suprema Corte dos USA confirma o resultado das Cortes de Nova Jersey e também da Flórida, que permitem que ela tenha os aparelhos desligados para morrer à fome e à sede. O Espiritismo é terminantemente contrário a qualquer instrumento que leve à morte. Não temos o direito de interromper uma vida da qual nós não somos criadores.



Programa O Espiritismo Responde: Foram quase 300 mil mortos no Tsunami. Trata-se de carma coletivo? Todas aquelas pessoas teriam que passar por aquela situação?

Divaldo: Não necessariamente através de um Tsunami, de um terremoto, de uma erupção vulcânica. Allan Kardec teve ocasião de examinar essa problemática, quando em O Livro dos Espíritos ele estuda a Lei de Destruição. Periodicamente esses cataclismos que varrem a Terra, que destroem milhares de vidas, primeiro, porque fazem parte do processo de transformação do nosso globo terrestre, constituído por placas tectônicas, que ainda encontram-se adaptando. Sendo o centro da Terra ainda de matéria liquefeita e de gases, é natural que aquelas partes já condensadas estejam com muitas falhas entre uma grande placa e outra. Foi lamentável e doloroso acompanhar essa morte coletiva. Mas ela estava dentro dos desígnios divinos, porque do ponto de vista espírita é secundária a maneira pela qual o indivíduo morre, seja durante uma gripe, uma parada cardíaca, um acidente, a morte é a mesma, ela é muito mais dolorosa para que fica, para quem acompanha. Estamos diante de um carma coletivo como outros tantos carmas, que periodicamente varrem a Terra a fim de despertar-nos para mudança da psicosfera do planeta. Se considerarmos o homem contemporâneo das estrelas e das micropartículas, veremos que muitas das suas atitudes são tão primitivas como a dos bárbaros das antigas florestas ou das tribos nômades que invadiram a Europa, os godos, os visigodos, os normandos, que salgavam a terra por onde passavam para que sequer a grama vingasse. Então, esses Espíritos reencarnam-se em grupos e são convidados, em grupos, para o resgate coletivo.



Programa O Espiritismo Responde: E com relação às pesquisas no campo das células tronco, dos embriões congelados, há divergências entre a opinião da ciência e a da religião. O que você nos diz sobre essa questão?

Divaldo: Quando for possível fazer uma ponte entre ciência e religião, fica muito mais fácil. A tarefa da ciência, indubitavelmente, é pesquisar. Se a ciência tivesse limites, hoje nós não teríamos a tecnologia de ponta que nos facilita tanto a comunidade, inclusive o prolongamento da vida. Mas, nessa busca da investigação científica, às vezes alguns pesquisadores exorbitam. Toda vez, quando a vida corre ameaça, é compreensível que haja uma bioética. As grandes nações trabalham isto e o Brasil também, para que se estabeleça uma bioética. Nem tudo deve ser permitido na área da investigação. Houve momentos muito dolorosos na recente história dos USA, quando se fizeram pesquisas a respeito da sífilis, tomando pacientes negros e pacientes brancos para ver como reagiam ao processo degenerativo da enfermidade. E, ao invés de aplicarem medicamentos para os negros igual aos que davam para os brancos, aos negros davam placebo, a fim de ver como a sífilis ira destrui-los, e isso no século XX, mais ou menos na segunda metade, o que foi um clamor que ainda hoje repercute muito mal na imagem dos direitos humanos da grande parte norte-americana. No caso das células tronco, a Doutrina Espírita, na sua visão religiosa, é totalmente favorável. Toda e qualquer pesquisa que objetive o progresso, a diminuição das dores, a mudança de situação da criatura, é válida, mas para tanto é necessário respeitar a vida que está em processo de desenvolvimento. A ciência constatou que vários organismos possuem a célula tronco: o cordão umbilical, a placenta, a medula óssea do próprio paciente, não com a mesma fertilidade daquelas células de 21 dias do zigoto, que estão ricas de possibilidades para moldar os futuros órgãos. No dia em que a ciência conseguir adaptar a sua busca e o seu projeto, preservando a vida, nós aplaudiremos, como também no caso daqueles que estão adormecidos, dos óvulos fecundados, e que se encontram em depósito nos grandes laboratórios; segundo a ciência eles devem ter uma prevalência de aproximadamente cinco anos. A partir de então é provável que já não tenham mais possibilidades de fecundar. E, se não tiverem mais possibilidades de fecundar, é porque o Espírito desligou-se naturalmente. Mas também se interroga: quando se trata de óvulos que estão fecundados, ricos de vida no ovo e se elege uns e matam os outros? A ciência vai descobrir que essa vida embrionária não é de espontaneidade da matéria, mas sim da presença do Espírito. Ao destrui-los se interrompe uma futura existência, com menos conseqüências negativas, porque os Espíritos que ali se encontram imantados estão também cumprindo um período de provas e essa própria prova é uma maneira de resgatar débitos do passado.



Programa O Espiritismo Responde: Como entender a manifestação da providência divina frente à violência que acontece na Terra?

Divaldo: A violência é ainda o estágio primário da criatura humana. Nós somos herdeiros de instintos que fazem parte da nossa existência. O princípio espiritual que esteve no reino mineral e vegetal, transitou por alguns milhões de anos na fase animal, onde desenvolveu a sensibilidade do sistema nervoso e, naturalmente, dos instintos primários. É natural que na fase hominal na qual nos encontramos, entre 50 mil e 10 mil anos até atingirmos a razão, o indivíduo seja mais violência instintiva do que razão que discerne. A divindade vê-nos como um grande tabuleiro de xadrez. Essa violência que tanto nos choca é também uma maneira de nos advertir, para levar-nos ao lado oposto: a resignação, a coragem, a clemência. É um período de transição e em todo período de transição, o clímax da violência é muito grande. Em todas as épocas da história, a guerra teve mais prevalência do que a paz. O período de guerra é muito mais amplo do que o período de harmonia, e chegou-se mesmo a dizer que a paz é o período em que as nações se armam para a próxima guerra. Então, a divindade vê a violência como estágio primário, próprio do nosso planeta de provas que, lentamente, nos enseja à percepção da pureza, da tranqüilidade e da harmonia que nós vamos buscando à duras penas.



Programa O Espiritismo Responde: Muito se falou em uma nova era após a virada do século. Quais seriam as perspectivas para uma nova era?

Divaldo: Essa nova era vem muito lenta, desde aproximadamente os anos 1950. Naquele período sociológico dos hipyes, quando se procurou derrubar a máscara da hipocrisia, a chamada mentalidade vitoriana, em que o erro não era agir equivocadamente, era o povo tomar conhecimento. As pessoas mascaravam-se de uma manifestação puritana ao invés de serem pessoas puras. Começou ali a grande transformação. E os sonhadores, todos nós somos caçadores de mitos, uma herança arcaica da nossa personalidade, logo estabeleceram que o 3o milênio seria o milênio da paz. Será, mas o 3o milênio tem mil anos. Basta recordar que pouco tempo depois da virada do século, do milênio, nós tivemos um ato terrorista de 11 de setembro nos USA e conseqüentemente, em diversos países do mundo, mostrando agora o aspecto de violência dantes jamais pensado, em que o individuo suicida-se para matar. A vida que é um dom precioso e que todos nós preservamos, desde o animal, por instinto de conservação, passou a ser joguete de política. Política arbitrária por causa das injustiças sociais. Então chegará a era nova, a era de paz, porém lentamente. As leis divinas não têm pressa e não acontecem abruptamente. Os bons Espíritos me dizem e também a outros médiuns, que este século se caracterizará pela beleza, pelo poder do amor, da religião. Após esse período de grande dissolução dos costumes e de agressividade, virá uma era de harmonia em que nós aplicaremos as conquistas do século XX, a ciência e a tecnologia, em favor da plenitude do indivíduo através da paz, da beleza, e do amor.



Programa O Espiritismo Responde: Várias obras espíritas tem nos trazido informações sobre a influência espiritual sobre nós. Boa e má. Como é esse processo?

Divaldo: Allan Kardec interrogou aos Espíritos, conforme está em O Livro dos Espíritos: “Interferem os Espíritos em nossos pensamentos, palavras e atos?” E eles redargúem: “Muito mais do que pensais, a ponto de que são eles que vos dirigem”. É uma lei de afinidade. Nós vivemos num universo de ondas, mentes, raios, idéias, como dizia Albert Einstein. Graças à nossa emissão de onda, nós recebemos uma resposta compatível. Da mesma maneira que, ao mudar um canal de televisão, nós mudamos de estação que está mandando a mensagem, ao direcionarmos nosso pensamento para este ou aquele ângulo da vida, haverá uma resposta correspondente. Se orarmos, sintonizaremos com Deus e Seus embaixadores vêm ter conosco. Quando cultivamos pensamentos perturbadores, as Entidades afins acercam-se-nos, porque nos tornamos um verdadeiro pólo de atração, e, à semelhança de um imã, aquelas migalhas de ferro aderem, mas tudo isso é transitório, por causa da nossa enfermidade. Na medida em que mudamos de atitude mental, essa interferência continuará, porém positiva. Neste momento, profundamente perturbadora.



Programa O Espiritismo Responde: Muitas religiões pregam a salvação. Na visão espírita, qual é a proposta de salvação para o homem?

Divaldo: É a do encontro dele com a própria consciência. Por isso que Allan Kardec escreveu: “Fora da caridade não há salvação”. Ele não se refere aqui à salvação do Espírito no mundo espiritual. Por conseqüência, sim. É como dizer: ou um indivíduo procede bem ou não tem salvação para ele. Não tem alternativa. Então Allan Kardec propõe a educação dos hábitos, a educação dos costumes, o conhecimento, a ação do bem. E está exarado no 6o capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo uma proposta especifica que nós generalizaríamos. Ao invés de “espíritas amai-vos e instrui-vos”, nós proporíamos: criaturas amai-vos e instrui-vos, porque enquanto o amor não tem instrução, não tem conhecimento, vira paixão e quando a instrução não tem o amor, vira perversidade. Nesta união, as duas asas do sentimento e do conhecimento dão a sabedoria. Então, é natural que neste momento, a nossa visão salvacionista não seja salvívica. O reino dos céus é a construção da autoconsciência em que Deus está presente, e quando ocorre a morte, o individuo está muito bem, porque ele já se encontra preparado pelas alegrias que recebeu pelo caminho e então, espiritualmente, também está salvo.



Programa O Espiritismo Responde: Como podemos entender o Espiritismo como a 3a revelação?

Divaldo: Do ponto de vista abrangente, o Espiritismo seria a 3a revelação. Porque nós vemos Crishna, na Índia, 4 mil antes de Cristo, como um grande revelador, depois Buda apresentando, quase 200 anos antes de Cristo, uma doutrina de pacificação, também revelador; poderemos ver Confúcio e tantos outros. Mas na revelação judaico-cristã, Moisés liberta o seu povo e torna-se o mensageiro de Deus através do decálogo. É a lei. Então essa é a revelação primeira; para a felicidade indispensável, o culto e o respeito à lei. Vem Jesus e coroa a lei de amor. Através do amor a lei torna-se justa e benigna. E vem o Espiritismo e dá uma modelação melhor. Ele oferece a reencarnação, para poder ensejar ao indivíduo a mudança de atitude perante a vida, o porquê dos seus sofrimentos, e poder seguir a lei e ao mesmo tempo poder amar. Então, do ponto de vista judaico-cristã, o Espiritismo é a 3a revelação, mas do ponto de vista abrangente, um dia, o evangelho de Jesus coroará a Humanidade, porque nele se encontram todas as sabedorias que estão em outras obras. Eu me recordo dos pensamentos de Buda quando ele teve ocasião de dizer, por exemplo: “Sede como o sândalo, que perfuma o machado que o corta”. Nós poderemos encontrar no Evangelho algo equivalente: “...E se alguém te pedir a capa, dá-lhe também a manta. Se pedir-lhe mil passos, segue com ele dois mil. Se te ofender, perdoa, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes...”, e assim por diante. Haverá um sentido holístico, em que o “ismo”, típico da paixão humana, cederá lugar ao sentimento de fraternidade em que todos se encontrarão com a verdade.



Programa O Espiritismo Responde: Fale-nos sobre Joanna de Angelis, a Mentora Espiritual que te acompanha há tanto tempo, que tanta luz tem trazido para a Humanidade.

Divaldo: O Espírito Joanna de Ângelis também para mim foi um grande enigma. Durante muitos anos eu via uma claridade ao meu lado e escutava uma voz muito dúlcida. Quando eu adquiri discernimento, perguntei um dia: - “Que és?” E a voz me disse: - “Eu sou um Espírito amigo para te acompanhar”. Quando me tornei espiritista pela consciência da Doutrina, dei-me conta de que todos temos um guia, Espíritos protetores, Espíritos amigos e perguntei-lhe: - “Você é meu anjo protetor?” E o Espírito disse: - “Não, eu sou um Espírito amigo”. Mais tarde, sabendo que a maioria das pessoas médiuns conhecia seu Espírito guia, perguntei: - “Você é meu Espírito guia?”: e o Espírito disse: - “Não, teu guia é Jesus; eu sou um Espírito amigo teu”. Eu fiquei algo ressentido, porque eu queria um guia pessoal, um guia para mim. E disse: - “Mas Jesus é o Guia da Humanidade toda, eu queria saber o seu nome”. O Espírito disse: - “Chame-me Joanna”. Eu achei o nome muito popular. Eu gostaria de um nome mais arrebatador. Eu era jovem e havia assistido um filme, O Morro dos Ventos Uivantes, e tinha escutado um nome que me fascinou naquela época, Ritclif, que era um personagem central. Eu havia planejado que quando tivesse um filho eu colocaria o nome Ritclif. Ora, para um Guia Espiritual eu queria algo retumbante e para minha surpresa, foi um nome singelo, Joanna. O Espírito, notando a minha decepção, disse: - “Pode chamar-me Joanna de Ângelis”. Passaram-se muitos anos e em 1969 eu estava na Cidade do México proferindo uma conferencia quando ela me disse para ir à cidade de São Miguel Nepantla e que pedisse a um rapaz na platéia, que está gravando, para que me levasse até lá. Quando terminou a conferência, pedi ao rapaz, que me levou, de bom grado, no domingo. Quando lá chegamos, ela me dirigiu a um determinado lugar que teria sido a casa da fazenda onde havia nascido como Joana Inez de Asbaje. Era uma menina mestiça, muito amável, uma inteligência privilegiada; logo aos12 anos foi convidada para servir como dama de companhia da Rainha. A inteligência era brilhantíssima. Ela teve discussão com vários sábios, espontaneamente, aos 15 anos, e se tornou a primeira feminista do mundo latino-americano. Então veio a tendência religiosa e ela foi para uma ordem muito austera, mas era frágil e não agüentou. Foi para outra ordem e ali então recebeu o nome de Sóror Juana Inez de la Cruz. Tornou-se uma poetisa de grande nomeada , uma trabalhadora do bem e gerou uma animosidade muito grande com a Abadessa porque ela possuía nesta época, 5 mil livros, mapas, escrevia canções, teatro, e Abadessa achou que aquilo era vaidade e tomou-lhe tudo. Ela então, com o próprio sangue escreveu um depoimento dizendo que renunciava a tudo, menos ao direito da mulher ter muito valor, porque a mulher à época era muito subestimada, e ela disse que a mulher era realmente uma emissária de Deus. Criticada, porque falava de ciência ela dizia: - “Eu não vejo por que, pois quando vou à cozinha e vou colocar sal na panela tenho que entender de química, quando olho para o céu, tenho que entender de astronomia”, fez uma defesa muito bonita. E desencarnou quando uma onda de peste tomou conta da Cidade do México. Ela cuidou dos pestosos e contaminou-se. E reencarnou na cidade de Salvador, sendo, mais tarde, Joanna Angélica de Jesus, que dá a vida na época da Independência da Bahia, quando soldados transpassam a porta do convento, arrebatando-lhe a vida, em 1922. Então ela contou-me essa historia e eu fiquei fascinado. Desde então, cada dia, este Espírito é para mim uma interrogação. A sua sabedoria impressiona. A partir de 1985 começou a escrever psicologia e eu perguntei: - “Mas como a senhora pode falar sobre psicologia?” - “Quero fazer uma ponte entre a psicologia espírita, a psicologia transpessoal e a psicologia tradicional. Agora nós teremos uma psicologia dentro dos moldes e dos padrões”. Escreveu 12 livros. Eu disse: - “Mas minha irmã, a senhora na Terra não foi psicóloga, foi uma religiosa”. Ela sorriu complacente. – “Meu filho, não esqueça que quando os cientistas vão para a Terra levar a mensagem, levam-na daqui e quando voltam, nós fazemos uma análise uma avaliação aqui, não seja de surpreender”. Ela já escreveu por meu intermédio 52 livros. E continua escrevendo. Generosa, bondosa, muito paciente e enérgica, para poder conduzir um trem descarrilado como eu, necessita de um condutor muito enérgico.



Programa O Espiritismo Responde: O que representou para a Humanidade Chico Xavier?

Divaldo: O venerando apóstolo da mediunidade Francisco Cândido Xavier foi um braço de união entre as lágrimas dos homens e das mulheres, e a misericórdia de Deus. Pela sua ponte mediúnica milhares de lágrimas foram consoladas. Acredito que ele psicografou aproximadamente 10 mil mensagens particulares, e os seus livros, que venderam mais de 20 milhões de exemplares, atenderam a milhões e milhões de pessoas. Mas ele teve um outro caráter: desdobrar as informações contidas nas obras básicas do espiritismo, trazendo-nos uma visão mais nítida do mundo espiritual, à semelhança do sacerdote inglês que escreveu o livro A Vida Além do Véu, G. Vale Owen, Chico Xavier desvelou o além túmulo, mostrando-nos como é o mundo causal em relação ao nosso mundo cópia . Mas ele conseguiu um milagre maior, a bondade. Ele realmente foi o homem da gentileza. Perdeu, em determinado momento, um grave compromisso para não decepcionar uma criança. Quando lhe perguntaram qual foi um dos maiores momentos de sua vida ele respondeu: – “Eu ia pegar um ônibus para ir à cidade. Era quase 16 horas e eu tinha um compromisso que não podia adiar, quando, de longe, uma criança chama: tio Chico, tio Chico. Estava com um problema: deixar aquela criança, que decepção para ela; não pegar o ônibus, perco uma questão muito importante. Entre os dois, eu optei pela criança. Esperei, o ônibus se foi e a criança veio com uma florzinha de mato e me entregou. Aquele foi um momento culminante da minha vida”. Então, isso dá-nos uma idéia da grandeza de um homem que influenciou o século em que viveu e está influenciando àquele que desencarnou e será um marco histórico nas atividades de solidariedade humana e da Doutrina Espírita.



Programa O Espiritismo Responde: Um dia o amor estará implantado na Terra.

Divaldo: Sem a menor sombra de dúvida, já está. Porque o ódio é o amor que enlouqueceu; o ciúme é o amor doente; a violência é o amor ausente. O amor é incito na criatura humana. Porque sendo nós luz, da divina luz gerados, nós temos o amor. Ele está guardado dentro de nós e como uma semente ele está envolto pela casca grosseira. No momento em que as condições sejam propiciatórias, a semente germina. Eu vejo o monstro da guerra nesse momento, a guerra no Iraque, as guerras praticamente em todo o mundo, mais de 60 pontos de guerra, diz a Unesco. Vemos aqui na América Latina as guerras trágicas das Farcs. na Colômbia, os para-blindados, a guerra urbana, o número de assassinatos... TerrySkiavo aparece com aquela expressão de um ser que morreu no corpo, e o mundo se comove. É o amor. O mundo se abala com uma vida que praticamente estava fanada. Lemos o jornal e vemos a chacina no Rio de Janeiro: 30 pessoas assassinadas miseravelmente por covardes. A gente tem um choque, porque o amor está aqui dentro. Então o choque da tragédia dos que foram assassinados no Rio e a doçura do olhar de TerrySkiavo mostram que, em breve, o amor tomará conta de nós, porque será a única solução para os problemas humanos.



Programa O Espiritismo Responde: Divaldo, nos deixe uma mensagem:

Divaldo: Que amem. Quando nós queremos ser amados, ainda somos crianças psicológicas. Quando nós amamos, atingimos a plenitude. Quando alguém nos persegue, está doente. Quando nós perseguimos, estamos mal. Se nos fazem mal, esse mal não nos alcança porque o mal só tem vigência naquele que o cultiva.

Seja você quem ama. Dispute a honra de amar. Não tema o amor. Quando nós amamos, uma estrela de paz brilha em nosso coração e a felicidade irradia-se como perfume. Quando queremos ser amados, ainda temos caprichos, temos impositivos, temos perturbações. O amor, diz Joanna de Ângelis, é a alma de Deus, porque Deus é a alma do amor.



Fonte: LISTA ABRADE-PALESTRA

Exclusiva para troca de experiências sobre exposições / palestras de temas espíritas.

E-mail: abrade@abrade.com.br Home Page: www.abrade.com.br

EUTANÁSIA: DIREITO DE VIVER OU DE MORRER?

Recentemente a mídia foi tomada pela discussão da Eutanásia (gr. Eu–boa; Thanasi–morte = boa morte) em virtude do ocorrido com Terri Schiavo (1964-2005), cujo nome era Theresa Marie (Terri) Schindler, e que estava em processo de separação conjugal com seu marido, Michael Schiavo. Ela teve uma parada cardíaca em 1990 e permaneceu cinco minutos sem fluxo sanguíneo no cérebro. Isto provocou uma grande lesão cerebral, fazendo-a ficar em estado vegetativo. Após longa disputa familiar, judicial e política, envolvendo o marido e a família de Terri Shiavo, foi retirada a sonda que a alimentava e hidratava, vindo a falecer em 31/03/2005.

A situação provocou muitos debates, cada um dando sua opinião (direito de viver ou de morrer), e a verdade é que o tema já está sendo engavetado, até que outro fato semelhante ocupe o noticiário e “ressuscite” esse mesmo assunto. Na edição de maio do JE a temática foi objeto de debate e reflexão.

Naturalmente, o tema suscita discussões em diferentes áreas (histórica, jurídica, médica, psicológica etc), cada qual possuindo abordagem própria. Nossa atenção volta-se para o aspecto espiritual, que nos parece ser o mais importante já que todos as outras discussões são variáveis e transitórias, enquanto o enfoque espiritual, por ser universal, tem cunho absoluto.


Reflexões Espíritas sobre a Eutanásia



Apesar de o assunto ser ventilado em O Céu e O Inferno, Cap. V, ele foi mais diretamente enfocado em O Livro dos Espíritos e em O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Em O Livro dos Espíritos:

Questão 953: Quando uma pessoa vê diante de si um fim inevitável e horrível, será culpada se abreviar de alguns instantes os seus sofrimentos, apressando voluntariamente sua morte?

É sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência. E quem poderá estar certo de que, mau grado às aparências, esse termo tenha chegado; de que um socorro inesperado não venha no último momento?

a) - Concebe-se que, nas circunstâncias ordinárias, o suicídio seja condenável; mas, estamos figurando o caso em que a morte é inevitável e em que a vida só é encurtada de alguns instantes.

É sempre uma falta de resignação e de submissão à vontade do Criador.

b) - Quais, nesse caso, as conseqüências de tal ato?

Uma expiação proporcionada, como sempre, à gravidade da falta, de acordo com as circunstâncias.



Questão 957: Quais, em geral, com relação ao estado do Espírito, as conseqüências do suicídio?

Muito diversas são as conseqüências do suicídio. Não há penas determinadas e, em todos os casos, correspondem sempre às causas que o produziram. Há, porém, uma conseqüência a que o suicida não pode escapar; é o desapontamento. Mas, a sorte não é a mesma para todos; depende das circunstâncias. Alguns expiam a falta imediatamente, outros em nova existência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam.”



Em O Evangelho Segundo o Espiritismo:

Cap. V, item 28: Um homem está agonizante, presa de cruéis sofrimentos. Sabe-se que seu estado é desesperador. Será lícito pouparem-se-lhe alguns instantes de angústias, apressando-se-lhe o fim?

Quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele conduzir o homem até à borda do fosso, para dai o retirar, a fim de fazê-lo voltar a si e alimentar idéias diversas das que tinha? Ainda que haja chegado ao último extremo um moribundo, ninguém pode afirmar com segurança que lhe haja soado a hora derradeira. A Ciência não se terá enganado nunca em suas previsões? Sei bem haver casos que se podem, com razão, considerar desesperadores; mas, se não há nenhuma esperança fundada de um regresso definitivo à vida e à saúde, existe a possibilidade, atestada por inúmeros exemplos, de o doente, no momento mesmo de exalar o último suspiro, reanimar-se e recobrar por alguns instantes as faculdades! Pois bem: essa hora de graça, que lhe é concedida, pode ser-lhe de grande importância. Desconheceis as reflexões que seu Espírito poderá fazer nas convulsões da agonia e quantos tormentos lhe pode poupar um relâmpago de arrependimento. O materialista, que apenas vê o corpo e em nenhuma conta tem a alma, é inapto a compreender essas coisas; o espírita, porém, que já sabe o que se passa no além-túmulo, conhece o valor de um último pensamento. Minorai os derradeiros sofrimentos, quanto o puderdes; mas, guardai-vos de abreviar a vida, ainda que de um minuto, porque esse minuto pode evitar muitas lágrimas no futuro. - S. Luís. (Paris, 1860.)



Portanto, seguindo os esclarecimentos constantes na Doutrina Espírita, topicamente a eutanásia não seria uma boa opção pelos seguintes motivos:

- age mal quem não se submete à vontade de Deus, demonstrada pelas circunstancias que a vida impõe;

- ninguém pode ter a certeza de estar num instante terminal pois a história tem muitos exemplos de pessoas que muito sofriam, até pedindo para morrer mas uma circunstância inesperada ocorreu e a pessoa se recuperou;

- aquele que opta extinguir a própria vida, comete suicídio, que é sempre um erro, com conseqüências variáveis e proporcionais ao estado de cada um e às circunstâncias;

- a ciência pode enganar-se em suas previsões;

- o que somente um espírita pode compreender (e não um materialista) é que o moribundo pode ter momentos últimos de reflexão que o poupará muito de tormentos futuros



Notícias Históricas



O tema Eutanásia é encontrado na Grécia antiga, com Sócrates (380-450 a.C.), Platão (428-347 a.C.) e Epicuro (342-270 a.C.), em geral defendendo tal prática para anciões e enfermos. Já Aristóteles (384-322 a.C.) e Pitágoras (582-497 a.C.), ao contrário, condenavam tal opção.

Hipócrates (460-355 a.C.), considerado o Pai da Medicina, em seu juramento declarou: "eu não darei qualquer droga fatal a uma pessoa, se me for solicitado, nem sugerirei o uso de qualquer uma deste tipo.

Na Índia os doentes incuráveis eram levados até a beira do rio Ganges, onde tinham as suas narinas e a boca obstruídas com o barro. Uma vez feito isto eram atirados ao rio para morrerem. Nos circos romanos, os gladiadores mortalmente feridos nos combates, poderiam ser agraciados com a compaixão real, dos Césares de Roma ordenando que os matassem. Ainda em Roma, os condenados à crucificação tomavam uma bebida que produzia um sono profundo, para que não sentissem as dores dos castigos e iam morrendo lentamente. Jesus (séc. I), durante os suplícios da crucificação, rejeitou beber vinagre e fel, chamado vinho da morte, que ele não quis tomar.

Encontramos a Eutanásia na Bíblia quando Jô, o patriarca da paciência, acometido das maiores desgraças, coberto da cabeça aos pés por repelente chaga, em agonia física e moral, chamou sua mulher de tola quando esta lhe insinuara ser melhor suicidar-se para encurtar os padecimentos. Outro exemplo bíblico encontramos na morte do Rei Saul, de Israel, que, ferido na batalha, e a fim de não cair prisioneiro, lançara-se sobre a sua espada, e já ferido pedira a um amalecita que lhe tirasse a vida. Teria sido a primeira eutanásia da história.

Na Idade Média, dava-se aos guerreiros feridos um punhal afiadíssimo, chamado misericórdia, que lhes servia para evitar o sofrimento e a desonra.

No Museu Nacional de Estocolmo há um modelo de machado nas mãos de um filho golpeando a cabeça do pai quando este completava setenta anos.

Napoleão Bonaparte (1746-1836), na campanha do Egito, pediu ao médico, que matasse os soldados atacados pela peste, tendo o cirurgião respondido que o médico não mata pois sua função era curar.

Na Alemanha nazista, a pretexto de depuração da raça, tivemos a eliminação de milhões de judeus, passando à história como um dos grandes crimes da humanidade.

Seu apogeu ocorreu em 1895, na Prússia, durante a discussão do seu plano nacional de saúde, foi proposto que o Estado deveria prover os meios para a realização de eutanásia em pessoas que se tornaram incompetentes para solicitá-la.

Durante as décadas de 20 e 40, no século XX, no Brasil, na Faculdade de Medicina da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, inúmeras teses foram desenvolvidas neste assunto entre 1914 e 1935. Na Europa, especialmente, muito se falou de eutanásia associando-a com eugenia. Esta proposta buscava justificar a eliminação de deficientes, pacientes terminais e portadores de doenças consideradas indesejáveis.

Na Inglaterra, em 1931, propuseram a Legalização da Eutanásia Voluntária, que foi rejeitada em 1936 pela Câmara dos Lordes. Em 1934, O Uruguai incluiu a possibilidade da eutanásia no seu Código Penal, através da possibilidade do “homicídio piedoso”. Esta legislação uruguaia possivelmente seja a primeira regulamentação nacional sobre o tema. Vale salientar que esta legislação continua em vigor até o presente.

Em 1981, a Corte de Rotterdam estabeleceu critérios para o auxílio à morte.

Os Territórios do Norte da Austrália, em 1996, aprovaram uma lei que possibilita formalmente a eutanásia. No Brasil existe um projeto de lei no Senado federal (projeto de lei 125/96) sobre este assunto.



Fonte: Jornal Espírita, No. 358, Ano XXVIII, pág. 3, junho 2005.

Washington Luiz Nogueira Fernandes – SP

washingtonfernandes@terra.com.br

Um Espírito nos Funerais de seu Corpo

Um Espírito no enterro de seu corpo

Revista Espírita, dezembro de 1858

Estado da alma no momento da morte.

Os Espíritos sempre nos disseram que a separação da alma e do corpo não se faz

instantaneamente; ela começa, algumas vezes, antes da morte real, durante a agonia,

quando a última pulsação se faz sentir, o desligamento não está ainda completo; ele se opera mais ou menos lentamente segundo as circunstâncias, e até a sua inteira liberdade a alma experimenta uma perturbação, uma confusão que não lhe permite conscientizar-se de sua situação; está no estado de uma pessoa que desperta e cujas idéias são confusas. Esse estado nada tem de penoso para o homem cuja consciência é pura; sem muito se explicar do que vê, é calmo e espera sem medo o despertar completo; ao contrário, é cheio de angústias e de terror para aquele que teme o futuro. A duração dessa perturbação, dizemos nós, é variável; é muito menos longa naquele que, durante a vida, já elevou seus pensamentos e purificou sua alma; dois ou três dias lhe bastam, ao passo que, em outros, é preciso, algumas vezes, oito ou mais. Freqüentemente, assistimos a esse momento solene, e sempre vimos a mesma coisa; isso não é, pois, uma teoria, mas um resultado da observação, uma vez que é o Espírito quem fala e quem pinta sua própria situação. Eis aqui um exemplo mais característico e tanto mais interessante para o observador, que não se trata mais de um Espírito invisível escrevendo por um médium, mas bem de um Espírito visto e ouvido na presença de seu corpo, seja na câmara mortuária, seja na igreja durante o serviço fúnebre.

O senhor X... vinha de ser atingido por um ataque de apoplexia; algumas horas depois de sua morte, o senhor Adrien, um de seus amigos, se encontrava em seu quarto com a mulher do defunto; ele viu distintamente o Espírito deste passear em todos os sentidos, olhar alternativamente seu corpo e as pessoas presentes, depois sentar-se numa poltrona; tinha exatamente a mesma aparência de quando vivo; estava vestido do mesmo modo, sobrecasaca preta, calça preta; tinha as mãos nos bolsos e o ar preocupado.

Durante esse tempo, a mulher procurava um papel na escrivaninha, seu marido a olha e diz:

Procuras inutilmente, não encontrarás nada. Ela não desconfiava nada do que se passava, porque o senhor X... não era visível senão para o senhor Adrien.

No dia seguinte, durante o serviço fúnebre, o senhor Adrien viu de novo o Espírito de seu amigo perambular ao lado do caixão, mas não tinha mais o vestuário da véspera; estava envolvido com uma espécie de roupagem. A conversação seguinte se iniciou entre eles.

Notemos, de passagem, que o senhor Adrien não é sonâmbulo; que nesse momento, como

no dia precedente, estava perfeitamente desperto, e que o Espírito lhe aparecia como se fosse um dos assistentes do enterro.

- P. Diga um pouco, caro Espírito, que sentes agora?
- R. Do bem e do sofrimento.
- P. Não compreendo isso.
- R. Sinto que estou vivo, com minha verdadeira vida e, entretanto, sinto que vivo, que existo: sou, pois, dois seres? Ah! deixai-me sair desta noite, tenho pesadelo.

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/1858/12c-um-espirito-no-enterro.html (1 of 2)7/4/200408:17:39

ESPIRITISMO E CREMAÇÃO: ALGUNS DADOS

Bismael B. Moraes

Imaginemos um ente querido de nossa família - mãe, pai, filho ou irmão - que deixasse a nosso critério, após sua morte física ou seu desencarne, a escolha quanto ao destino de seus restos mortais:
inumação (sepultamento) ou cremação (incinerar)! Como decidir, de modo consciente, sem condicionar-se a costumes, fatores históricos, dogmas religiosos aceitos e não discutidos pela razão?

Vamos a uma breve análise sobre isso, porque "não saber alguma coisa é menos mal do que não querer saber coisa alguma"

A população da Terra, de acordo com o censo da ONU, em 1999, já ultrapassou os 6 bilhões de habitantes. Por outro lado, segundo a Organização Mundial da Saúde, a vida média dos seres humanos varia entre 60 e 70 anos. Disso, pode-se deduzir que, no globo terrestre, a cada 70 anos, morrem ou desencarnam todos os seus habitantes e nascem outros, em número maior.

O planeta Terra, porém, é mensurável, é finito. Conclui-se, assim, que bilhões e bilhões de corpos vão encharcar o solo, invadir as águas com o necrochorume (líquido de cadáveres), disseminando doenças, riscos sobre os quais sanitaristas e pesquisadores têm se preocupado.

De longa data, os indianos e outros povos reencarnacionistas sabem que o corpo físico, uma vez extinto, não mais pode ser habitado por um Espírito (ser inteligente da Natureza), pois isso contraria a Lei Natural; portanto, o cadáver poderá ser cremado, transformado em cinzas, sem qualquer processo dolorido, porque o Espírito usa do corpo, por tempo determinado por Deus, para o seu aprendizado.


Historicamente, há registros de cremação de corpos na Palestina - 4000 anos a. C.; no Japão, a Imperatriz Jito foi cremada no ano 704 d.C.; tem-se, também, informações do processo crematório antigo, em fornos italianos. Aliás, o método originário da Itália foi, em 1874, introduzido na Inglaterra, pelo cirurgião da rainha, Sir Henry Thompson, que inclusive escreveu o livro "Cremação: o tratamento do corpo após a morte".

Da Inglaterra, depois de criadas as sociedades de cremação, os fornos crematórios foram se espalhando pelo mundo: Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, assim com na Suécia, Noruega, Dinamarca, Islândia, Finlândia e em todos os países da Europa, para os povos que estivessem preparados para isso. Por essa razão, na Inglaterra, desde 1937, existe uma Federação Internacional de Cremação, para congressos e divulgação.
Destarte, as grandes barreiras que existiram quanto à cremação foram criadas pela Religião Católica, sob argumentação de que isso contrariava a fé cristã (contra o dogma da ressurreição dos corpos); era, aliás, proibição do Código Canônico. Só foram permitidos ritos eclesiásticos aos cristãos favoráveis à cremação, com o Ritual das Exéquias de 1969, que vigora desde 1.º de junho de 1970.


O medo da morte ou o temor de que o corpo sofra com o fogo não devem existir. Pelo conhecimento e o desapego às coisas materiais, descobre-se que o corpo físico é passageiro, é máquina de que se serve o Espírito para cumprir suas tarefas.

HÁ, TODAVIA, Espíritos que se apegam ao corpo, mormente, quando não têm esclarecimentos e desencarnam em processos violentos. Mas, mesmo nos países em que, com freqüência, procede-se à cremação do corpo, isso não é imposto pela lei; cada pessoa o escolhe de acordo com a sua consciência.
No Brasil, há ainda poucos fornos de cremação. E a Lei dos Registros Públicos (nº 6015, de 31/12/1973), no artigo 77, parágrafo 2º diz:

"A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver manifestado a vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver sido firmado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico-legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizado pela autoridade judiciária".

Há mais questões que podem ser respondidas pela pesquisa sobre o assunto. Mas o Espiritismo não recomenda nem proíbe a cremação. Depende da consciência de cada um.

O grande Espírito Mentor Emmanuel, na psicografia de Chico Xavier, informa

que "a cremação é legítima para todos aqueles que a desejam, desde que haja um período de, pelo menos, 72 horas de espera para que tal ocorra no forno crematório, o que poderá se verificar com o depósito de despojos humanos em ambiente frio".

Assim, pode a cremação, com base em critérios médico-científicos, se dar em 24 horas; mas, segundo a Doutrina Espírita, é aconselhável esperar 72 horas para isso.
http://www.usepiracicaba.com.br/Conteudo/Paginas/VisDetalhes.aspx?ch_top=6&ch_use=551

UM RESUMO ESPÍRITA DA CREMAÇÃO

Por Bismael B. Moraes
(Mestre em Direito Processual / USP)


Imaginemos um ente querido de nossa família – pai, mãe, filho ou irmão – que, ainda em vida, deixasse a nosso critério que, após sua morte física ou seu desencarne, fizéssemos a escolha quanto ao destino de seus restos mortais: inumação (sepultamento) ou cremação (incinerar)! Como decidir, de modo consciente, sem o condicionamento a costumes, fatores históricos, dogmas religiosos, aceitos e não discutidos pela razão? Vamos a uma breve análise sobre isso, mesmo porque “não saber alguma coisa é menos mal do que não querer saber coisa alguma”.



A população da Terra, de acordo com o censo da ONU, em 1999, já ultrapassou os 6 bilhões de habitantes. Por outro lado, segundo a Organização Mundial de Saúde, a vida média dos seres humanos varia entre 60 e 70 anos. Disso, pode-se deduzir que, no globo terrestre, a cada 70 anos, morrem ou desencarnam todos os seus habitantes e nascem outros, em número ainda maior. O planeta Terra, porém, é mensurável, é finito. Conclui-se, assim, que bilhões e bilhões de corpos vão encharcar o solo, invadir as águas com o necrochorume (líquido dos cadáveres), disseminando doenças, riscos sobre os quais sanitaristas e pesquisadores têm se preocupado.


De longa data, os indianos e outros povos reencarnacionistas sabem que o corpo físico, uma vez extinto, não mais pode ser habitado por um Espírito (ser inteligente da Natureza), pois isso contraria a Lei Natural; portanto, o cadáver poderá ser cremado, transformado em cinzas, sem qualquer processo dolorido, porque o Espírito usa do corpo, por tempo determinado por Deus, para seu aprendizado e progresso.



Historicamente, há registros de cremação de corpos na Palestina, 4000 anos a.C.; no Japão, a Imperatriz Jito foi cremada no ano 704 d.C.; tem-se, também, informações do processo crematório antigo, em fornos da Itália. Aliás, o método originário da Itália foi, em 1874, introduzido na Inglaterra, pelo cirurgião da rainha, Sir Henry Thompson, que inclusive escreveu o livro “Cremação: o tratamento do corpo após a morte”.


Da Inglaterra, criadas sociedades de cremação, os fornos crematórios foram se espalhando pelo mundo: Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, assim como na Suécia, Noruega, Dinamarca, Islândia, Finlândia e em todos os países da Europa. Por isso, na Inglaterra, desde 1937, existe uma Federação Internacional de Cremação, para congressos e divulgação.


Destarte, as grandes barreiras que existiram quanto à cremação foram criadas pela Religião Católica, sob argumentação de que isso contrariava a fé cristã (o dogma da ressurreição dos corpos); era, aliás, proibição constante do Código Canônico. Só foram permitidos ritos eclesiásticos aos cristãos favoráveis à cremação, com Ritual das Exéquias de 1969, que vigora desde 1º de junho de 1970.


O medo da morte ou o temor de que o corpo sofra com o fogo não devem existir. Pelo conhecimento e o desapego às coisas materiais, descobre-se que o corpo físico é passageiro, é máquina de que se serve o Espírito para cumprir suas tarefas e progredir. Há, todavia, Espíritos que se apegam ao corpo, mormente quando não têm esclarecimentos e desencarnam ou morrem em processos violentos. Mas, mesmo nos países em que, com freqüência, procede-se à cremação do corpo, isso não é imposto pela lei; cada pessoa o escolhe, de acordo coma a sua consciência.


No Brasil, há ainda poucos fornos de cremação. E a Lei dos Registros Públicos / LRP (nº 6015, de 31/12/1973), no seu artigo 77, § 2º, diz: “A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver manifestado a vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver sido firmado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico-legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizado pela autoridade judiciária”.


Há muitas questões que podem ser respondidas pela pesquisa sobre o assunto. O Espiritismo não recomenda nem proíbe a cremação; isso depende da consciência de cada pessoa. O grande mentor Emmanuel, na psicografia de Chico Xavier, informa que “a cremação é legítima para todos aqueles que a desejam, desde que haja um período de, pelo menos, 72 horas de espera para que tal ocorra no forno crematório, o que poderá se verificar com o depósito de despojos humanos em ambiente frio”. Assim, pode a cremação, com base em critérios médico-científicos, se dar em 24 horas; mas é aconselhável esperar 72 horas para isso.

São Paulo 31 de agosto de 2006
http://www.usepiracicaba.com.br/Conteudo/Paginas/VisDetalhes.aspx?ch_top=6&ch_use=488